Casos de tuberculose na população imigrante aumentaram em 2022

22 de Março 2024

Os casos de tuberculose na população imigrante em Portugal aumentarem em 2022, totalizando 457, o que representa 30,1% do total de situações diagnosticadas, segundo um relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS).

“A população imigrante manteve-se como uma população em situação de maior vulnerabilidade, com uma taxa de notificação quatro vezes superior à média nacional (58,5 casos por 100 mil imigrantes em 2022), verificando-se também um aumento na proporção de casos, em comparação com 2021 (30,1% em 2022 e 25,9% em 2021)”, salienta a DGS.

Dos 457 casos notificados, 189 casos (41,4%) pertenceram a imigrantes com entrada em Portugal há menos de dois anos”, realça o Relatório de Vigilância e Monitorização da Tuberculose em Portugal 2022, que é apresentado hoje no encontro promovido pela DGS “Tuberculose: uma doença atual” para assinalar o Dia Mundial da Tuberculose, que se comemora a 24 de março.

“Embora em Portugal a maioria de casos de tuberculose ocorra na população nativa, a proporção de casos em imigrantes tem tido uma tendência crescente”, representado 30,1% no total de casos notificados em 2022 (1.518), refere o documento publicado pelo Programa Nacional para a Tuberculose (PNT) da DGS.

Em declarações à agência Lusa, a diretora do PNT, Isabel Carvalho, afirmou que “a população imigrante não é mais vulnerável apenas e exclusivamente por ser imigrante”.

“É mais vulnerável porque tem dificuldade no acesso aos cuidados de saúde, é mais vulnerável porque podem estar em situação de sem-abrigo, podem ter outras doenças, nomeadamente a infeção VIH ou hepatites, ou ter mesmo algum tipo de dependência e isso ainda os torna mais suscetíveis à tuberculose”, salientou.

Por outro lado, também não sabem como aceder aos cuidados de saúde, que no caso da tuberculose são gratuitos.

Isabel Carvalho defendeu ser necessário que estes cidadãos sejam ajudados para que saibam como e onde aceder aos cuidados de saúde, para poderem fazer o diagnóstico e iniciarem um tratamento caso seja diagnosticado.

“É com esse intuito que estabelecemos cada vez mais parcerias com as organizações de base comunitária e com as estruturas sociais e também com os serviços de apoio ao imigrante, porque de facto não é só ser imigrante que o torna mais suscetível à tuberculose”, vincou.

O relatório refere que, à semelhança dos anos anteriores, o maior número de casos de tuberculose em imigrantes ocorreu em cidadãos provenientes de Angola (100), seguido do Brasil (71), Guiné-Bissau (66) e Cabo Verde (38).

A tuberculose afeta sobretudo populações em situações vulneráveis, onde se incluem, além dos imigrantes, pessoas que vivem com VIH, pessoas em situação de sem-abrigo ou reclusão e pessoas com dependências.

Para os autores do relatório, “a procura ativa de casos através do rastreio de tuberculose ativa e de infeção latente nestas populações mantém-se como estratégia fundamental para o controlo e eliminação da tuberculose em Portugal”.

“É procurar quem ainda não está doente, quem ainda não é um caso de tuberculose ativa, mas que desconhece que está infetado e que se fizer um tratamento preventivo, que é bem mais simples do que o tratamento de uma tuberculose ativa, poderá não desenvolver a doença futuramente “, elucidou Isabel Carvalho.

Como “pontos positivos”, destacou o número de casos de tuberculose multirresistente que se mantém estável e reduzido (11 em 2022) e não se ter verificado nenhum caso de tuberculose extremamente resistente.

“Vamos conseguindo controlar porque estes doentes estão concentrados em centros de tratamento de excelência e temos acesso a todos os fármacos de tratamento, o que é uma mais-valia de Portugal”, sublinhou, observando que para alguns países europeus é difícil acederem à totalidade dos fármacos disponíveis.

Por outro lado, destacou o facto de os profissionais de saúde estarem “muito sensibilizados” para a procura de infeção nas pessoas que vão fazer tratamentos que reduzem as suas defesas, nomeadamente a medicação biológica, porque a doença pode ter “grande repercussão” no doente e também para o resto da comunidade.

LUSA/HN

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