Dr. Eduardo Xavier, Médico Cirugião

Hérnias

04/22/2024

As Hérnias são das causas mais frequentes que motivam uma ida ao cirurgião. Se o termo “hérnia” é conhecido praticamente por toda a gente, não serão todos os que realmente sabem realmente do que se trata.

Vou tentar dar-vos uma explicação simples e clara: Imaginem um cartão ou uma tela em que contra uma das suas superfícies se enche um balão. Se nessa tela se abrir um orifício com um tamanho considerável, a pressão que o balão exerce, faz com que parte dele saia através desse orifício, sendo essa protusão mais ou menos volumosa conforme o ar que se insufla no balão.

Basicamente, é isso que acontece no nosso organismo quando surge uma hérnia. Na parede abdominal existe uma “tela” de suporte que se chama aponevrose. Desde o nascimento e ao longo da vida que alguns pontos fracos dessa estrutura podem dar origem a orifícios por onde faz protusão o “balão”, que em vez de ar contém as vísceras do abdómen.

Um dos exemplos mais frequentes desses pontos fracos é o umbigo, onde podem desenvolver-se as chamadas hérnias umbilicais, que muitas vezes são evidentes nas crianças. Assim poderemos, com alguma facilidade, deduzir que o aparecimento das hérnias depende basicamente de dois fatores: fragilidade da parede e aumento de pressão dentro do abdómen.

A fragilidade da parede pode ser devida a menor resistência dos tecidos que a compõem, mas também poderá resultar de cicatrizes adquiridas em cirurgias anteriores. A maior pressão dentro do abdómen pode ser causada por inúmeros fatores, tais como os grandes esforços, o aumento de gordura, a gravidez, e ainda doenças diversas que originam uma quantidade anormal de gás ou líquido intra-abdominal.

Para além da região umbilical, os locais onde mais frequentemente se observam hérnias abdominais são as regiões inguinais – virilhas, e a linha média acima do umbigo que se chama linha branca. As que resultam de incisões de operações anteriores denominam-se incisionais.

As hérnias traduzem-se por abaulamentos bem circunscritos, de consistência geralmente mais mole que a parede abdominal, que aumentam com a posição de pé e com as manobras que aumentam a pressão dentro do abdómen, tal como a tosse ou as flexões. Reduzem ou desaparecem muitas vezes com a posição deitado ou exercendo pressão suave sobre ela.

Para além do aumento de volume gradual, com todo o incómodo daí resultante, as hérnias complicam-se com alguma frequência por aquilo que se conhece como estrangulamento, e que consiste na impossibilidade de a hérnia se reduzir, podendo em casos mais graves provocar a gangrena dos órgãos que constituem o seu conteúdo e implicar a necessidade uma cirurgia urgente.
Para um correto diagnóstico, sempre que se suspeita da existência de uma hérnia, deverá ser um médico a fazê-lo não só para determinar a certeza da sua existência, mas também porque poderá ser a expressão clínica de um problema mais grave. O tratamento das hérnias passa sempre pela cirurgia. É completamente errada a utilização de cintas e dispositivos que se aplicam contra o orifício herniário conhecidos por “fundas” no intuito de evitar o tratamento cirúrgico.

A cirurgia das hérnias tem vindo a ser cada vez menos traumática, e a utilização de redes de material apropriado veio tornar o tratamento cirúrgico mais eficaz e menos agressivo, sendo que muitas vezes pode ser efetuada em regime ambulatório.

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