Estas foram algumas das questões levantadas hoje pelo bastonário da Ordem dos Fisioterapeutas na reunião com a equipa ministerial da Saúde, liderada pela ministra Ana Paula Martins, no Ministério da Saúde, com a ordem de trabalhos “Contributos para a Política de Saúde”.
Em declarações à agência Lusa no final da reunião, António Lopes disse que, além de apresentar cumprimentos à nova equipa ministerial, a Ordem dos Fisioterapeutas foi “dar nota de um conjunto de tópicos que têm a ver, sobretudo, com a dificuldade do acesso dos utentes à fisioterapia”.
“A nossa principal preocupação tem a ver com a prestação de cuidados e uma série de circuitos burocráticos administrativos que existem e que importa desbloquear para que possamos ter uma resposta mais atempada e mais dirigida às verdadeiras necessidades dos utentes”, disse o bastonário.
Uma das questões apontadas por António Lopes como essencial relaciona-se com “a possibilidade de haver uma referenciação para a fisioterapia por qualquer médico, nomeadamente em termos da possibilidade de intervenção não só na área da reabilitação, mas também na área dos cuidados de saúde primários da promoção da saúde na prevenção da doença”.
O bastonário destacou também os desafios levantados pelo facto de a população do país estar cada vez mais envelhecida.
“Há um conjunto de doenças crónicas evolutivas que exigem cuidados de continuidade e, portanto, o fisioterapeuta tem obrigatoriamente de ter uma prestação também mais sistemática, mais prolongada, mais educativa, não só de intervenção direta, mas de melhoria das condições de vida e da qualidade de vida das pessoas”, defendeu.
Na reunião também foi abordada a necessidade de existirem mais fisioterapeutas no Serviço Nacional de Saúde (SNS), tendo o bastonário apresentado as estatísticas europeias, que indicam uma necessidade média acima de 130 fisioterapeutas por cada 100.000 habitantes.
“Portugal está um pouco acima dos 110 a nível do país, mas no Serviço Nacional de Saúde estamos muitíssimo abaixo, só há 1.500 fisioterapeutas integrados no Serviço Nacional de Saúde, enquanto somos 12.000 inscritos na Ordem e todos os anos se formam cerca de mais 1000 fisioterapeutas”, elucidou.
Para António Lopes, estes números demonstram que há “um desperdício de mão-de-obra qualificada que não está a ser devidamente integrada nos serviços”.
Segundo o bastonário, a ministra da Saúde “mostrou-se muito conhecedora da realidade” e manifestou “uma grande abertura” ao diálogo.
“Para nós, foi muito interessante o diálogo, porque não tivemos que explicar a situação, analisámos mais os contornos da própria situação e as possíveis soluções e as possíveis abordagens aos problemas”, comentou.
António Lopes adiantou que ficou marcado para o início de junho uma nova reunião para “continuar este trabalho de diálogo e construção”.
LUSA/HN
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