Proteção Civil garante que dispositivo de combate a incêndios está preparado

30 de Junho 2024

O comandante nacional de emergência e proteção civil garantiu hoje que o dispositivo de combate está preparado para responder aos fogos de grande dimensão, mas o objetivo é “tentar estancar ao máximo” os incêndios quando estão na fase inicial.

“O que temos vindo a fazer é tentar estancar ao máximo e reduzir o número de incêndios que passam para o ataque ampliado [maior dimensão] e, se passarem para ataque ampliado, cá estamos nós com o dispositivo preparado, com a capacitação técnica, que o ataque ampliado hoje em dia exige”, disse André Fernandes, em entrevista à agência Lusa.

Numa altura em que os meios de combate a fogos rurais são reforçados e atingem a capacidade máxima, o comandante nacional da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) sustentou que “o dispositivo está preparado”, mas considerou que o cidadão também tem um papel importante ao adequar os comportamentos em relação ao uso do fogo.

“Quanto menos ignições existirem, menor é probabilidade de termos grandes incêndios e é aqui que nós temos vindo a ganhar também, não só com a especialização, com o trabalho que tem vindo a ser feito na prevenção e na evolução e adaptação do dispositivo, mas acima de tudo, os portugueses têm vindo a adequar os comportamentos face à situação dos incêndios rurais”, afirmou.

O responsável salientou também que as condições existentes e as alterações climáticas vieram mudar “um bocadinho o paradigma” em que “neste período crítico existe uma maior probabilidade de uma mínima ocorrência poder gerar uma grande ocorrência”.

Por isso, frisou, o sucesso dos últimos anos tem sido o “ataque inicial musculado”.

“Os incêndios apagam-se à nascença. Nós não podemos deixar crescer o incêndio, portanto o dispositivo está dimensionado face às condições existentes. O dispositivo que temos foi desenhado, está preparado para fazer face às condições que temos no nosso território, onde existe ainda uma grande carga de combustível”, precisou, destacando a importância da utilização dos meios aéreos, em conjunto com os terrestres, para “estancar logo à partida” um fogo.

Questionado sobre o aumento no investimento financeiro feito no combate e a desaceleração na prevenção, o comandante nacional respondeu que as condições atualmente existentes “ainda são, infelizmente, muito favoráveis à propagação de incêndios florestais”.

“Obviamente também concordamos que deve existir um maior investimento na prevenção, mas não à custa de um desinvestimento no combate. Quando tivermos um território totalmente preparado, resiliente ao fogo, com capacidades e os mosaicos na paisagem do ordenamento totalmente implementado, aí podemos analisar as condições existentes e eventualmente podemos reduzir ou adequar o dispositivo, seja aéreo ou terrestre, mas neste momento as condições existentes estão à vista de todos e temos ainda uma grande carga combustível”, observou.

André Fernandes considerou que as alterações que estão a ser realizadas no âmbito da prevenção de incêndios “demoram anos e décadas a serem feitas”.

O comandante nacional admitiu ainda ser “natural que nos próximos anos existam algumas alterações ao dispositivo, em particular ao aéreo”, sublinhando que é necessário a introdução de outra tipologia de meios, mas não sendo ainda possível quantificar e se vão “ser mais ou menos”.

“É por isso que o Estado português vai comprar dois ‘canadairs’ e temos a necessidade identificada de introduzimos os chamados grandes tanques do ponto de vista da aviação para descargas de água com maior capacidade, utilizando retardantes”, afirmou, acrescentando que a ANEPC está a fazer um trabalho em conjunto com a Força Aérea e com o apoio da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) no sentido também de perceber a adaptação dos C130 existentes.

André Fernandes referiu que é necessário adequar o dispositivo para “melhorar e maximizar face à realidade” das alterações climáticas.

“Os dispositivos não estão finalizados”, concluiu.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Vítor Almeida é o novo presidente do INEM

O Ministério da Saúde nomeou Vítor Fernandes Almeida para presidente do Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), em regime de substituição por 60 dias, por vacatura do cargo.

DE-SNS divulga números dos internamentos sociais e clarifica depois

O diretor executivo do SNS divulgou hoje dados que apontavam para uma quase duplicação, em três meses, dos internamentos sociais e indevidos nos hospitais públicos, mas a Direção Executiva clarificou depois que a maioria não estava internada naqueles hospitais.

Xavier Barreto: “Avaliação dos conselhos de administração faz sempre sentido”, mas “temos que criar condições”

Xavier Barreto disse ao HealthNews que os hospitais “sempre foram responsáveis pelos seus doentes, inscritos em lista cirúrgica ou quaisquer outros”, e que a avaliação dos conselhos de administração “faz sempre sentido”. “Nós temo-la defendido, mas para isso temos que criar condições, temos que dar autonomia aos conselhos de administração”, alertou.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights