Jorge Malheiro: Portugal está entre os países europeus que mais realizam transplantes renais

16 de Julho 2024

Como forma de assinalar a data da realização do primeiro transplante de órgãos em Portugal, dia 20 de julho celebra-se o Dia Nacional da Doação de Órgãos e da Transplantação. Neste âmbito, Jorge Malheiro, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN), relembra que o nosso país está entre os que mais realizam transplantes de rim.

Ora, “nos números de 2022, o último ano em que existem dados comparativos, Portugal tem a 5.ª maior taxa de transplantes renais na Europa, com 49.01 transplantes por milhão de habitantes”.

Além de ter sido o primeiro órgão a ser transplantado, o transplante de rim é aquele que se realiza com maior frequência em Portugal – em 2023, foram realizados 547 transplantes renais, dos quais 71 foram de dador vivo. Relativamente aos benefícios deste transplante renal de dador vivo, o médico nefrologista destaca ter algumas vantagens como “a possibilidade de ser preparado com mais tempo, permitindo, entre outros aspetos, uma avaliação detalhada de um ou mais dadores, determinar qual o dador mais compatível com o recetor, iniciar a terapêutica imunossupressora antes do transplante e dando a possibilidade de transplante preemptivo (sem necessidade de diálise prévia). Adicionalmente, o transplante de dador vivo associa-se a uma maior sobrevivência do enxerto, permitindo ao recetor viver mais tempo livre de diálise”.

Na quase totalidade dos casos dos doentes renais há a possibilidade de realizar hemodiálise ou diálise peritoneal em alternativa ao transplante. Como explica Jorge Malheiro, “apenas em situações excecionais, nomeadamente doentes sem disponibilidade de membrana peritoneal e falência de acessos vasculares, podemos afirmar que o transplante se torna a única solução de tratamento. Quando tal cenário se antecipa, é possível inscrever o candidato com máxima priorização na lista de espera, por forma a otimizar o seu acesso ao transplante”.

Quanto à elegibilidade dos doentes renais para transplante, “a generalidade dos doentes em doença renal crónica estadio 5 são candidatos. A sua elegibilidade é determinada através de uma avaliação clínica efetuada nas consultas de pré-transplante renal onde aspetos clínicos, imunológicos e éticos são considerados. Dada a escassez de órgãos disponíveis para doação e o risco associado ao transplante renal (a salientar, o maior risco cirúrgico do ato e o de infeções associadas ao estado de imunossupressão inerente à transplantação), consideram-se inelegíveis doentes com idade superior a 70-75 anos (este intervalo etário reflete os diferentes estados de comorbilidade e fragilidade observados caso a caso)”, refere o vice-presidente da SPN.

Em termos de políticas de saúde que poderiam favorecer o aumento da doação de órgãos, a Sociedade Portuguesa de Nefrologia salienta, relativamente ao transplante de dador falecido, a importância de incentivar e alargar as equipas de promoção de colheita na generalidade dos hospitais portugueses; acelerar a criação e expansão dos programas de doação em paragem cardiocirculatória e de informar a população sobre as vantagens da dádiva de órgãos (realidade também necessária no caso do transplante renal de dador vivo).

PR/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Via Verde para Necessidades de Saúde Especiais: Inovação na Saúde Escolar

Um dos projetos apresentado hoje a concurso na 17ª Edição do Prémio Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, foi o projeto Via Verde – Necessidades de Saúde Especiais (VVNSE), desenvolvido por Sérgio Sousa, Gestor Local do Programa de Saúde Escolar da ULS de Matosinhos e que surge como uma resposta inovadora aos desafios enfrentados na gestão e acompanhamento de alunos com necessidades de saúde especiais (NSE) no contexto escolar

Projeto Utente 360”: Revolução Digital na Saúde da Madeira

O Dr. Tiago Silva, Responsável da Unidade de Sistemas de Informação e Ciência de Dados do SESARAM, apresentou o inovador Projeto Utente 360” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas , uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH). Uma ideia revolucionária que visa integrar e otimizar a gestão de informações de saúde na Região Autónoma da Madeira, promovendo uma assistência médica mais eficiente e personalizada

MAIS LIDAS

Share This