Investigadores moçambicanos estudam cura para o vírus através de plantas

8 de Outubro 2020

O Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique vai investigar plantas nativas com potencial terapêutico para tratar a Covid-19, um projeto da bióloga moçambicana que esta semana recebeu um prémio da UNESCO para mulheres cientistas.

“A ideia é comparar o potencial anti-inflamatório das plantas medicinais com o de medicamentos convencionais”, anunciou a bióloga e investigadora Raquel Matavele.

A pesquisadora falava na quarta-feira, durante uma conferência de imprensa no INS, na província de Maputo, onde avançou que o prémio de 50 mil dólares (42,5 mil euros), oferecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), vai ser usado na pesquisa.

Segundo a cientista, será avaliado o nível de toxicidade e a concentração de substâncias num conjunto de plantas ainda em identificação.

“Depois de identificarmos a faixa de concentração que não é tóxica para as células do organismo humano, faremos experiências para avaliar a atividade anti-inflamatória”, acrescentou.

Além de plantas, vai ser feita uma pesquisa em “bactérias que vivem no corpo humano para aferir se o seu perfil pode estar associado ao desenvolvimento da doença”.

“O objetivo é compreender melhor como a doença evolui numa pessoa infetada, porque temos pessoas que não desenvolvem a doença e outras com sintomas ligeiros a severos”, referiu.

A data para o início do estudo aguarda aprovações regulamentares.

Raquel Matavele é uma das 15 investigadoras de África e Ásia vencedoras do prémio Early Career Fellowship, iniciativa da UNESCO, ao qual concorreu com um projeto relacionado com potenciais tratamentos para covid-19 em populações residentes nas zonas tropicais de África.

A investigadora moçambicana é licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Eduardo Mondlane, mestre em Biologia Celular e Molecular pela Fundação Instituto Oswaldo Cruz, no Brasil, e doutorada em Ciências Biomédicas pela Universidade de Antuérpia, na Bélgica.

Raquel Matavele é coordenadora do programa de Doenças Endémicas de Grande Impacto Sanitário no INS.

Moçambique regista um total acumulado de 9.494 casos de Covid-19 com 68 mortos e 6.812 recuperados (71% do total).

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

A POCUS em Medicina Interna

No palco do 30.º CNMI, ocorreu uma sessão subordinada ao tema “POCUS em Medicina Interna: da prática à competência”.

30.º CNMI destaca a realidade da Insuficiência Cardíaca em Portugal

No 30.º CNMI, Joana Pimenta apresentou a sessão intitulada “Insuficiência Cardíaca: a realidade portuguesa”, onde abordou os desafios e características da Insuficiência Cardíaca (IC) em território nacional. A palestra teve como objetivo principal caracterizar a população portuguesa de doentes com IC e discutir a organização dos serviços de Medicina Interna para enfrentar esta condição complexa.

As fases das doenças autoimunes

Raquel Faria foi uma das palestrantes na sessão “Doenças autoimunes: da fisiopatologia aos desafios terapêuticos”, apresentando o tema “Nefrite lúpica: das guidelines à otimização terapêutica” durante o 30.º CNMI.

A evolução da Medicina Interna

No âmbito do 30.º CNMI, Andreia Carreira protagonizou uma sessão subordinada ao tema “Algoritmos de decisão e raciocínio clínico: ameaça ou complementaridade?”.

Saúde cardiometabólica no doente com VIH

No 30.º CNMI, o tema “Saúde cardiometabólica no doente com VIH” foi explorado em profundidade, destacando-se a apresentação de Liliana Pedro intitulada “Risco cardiovascular acrescido. Uma inevitabilidade?”. A médica abordou a evolução da patologia VIH e o impacto crescente do risco cardiovascular nesses doentes.

Sindicato Nacional dos Farmacêuticos: “Foi dado um primeiro passo que me parece muito positivo”

O último sindicato ouvido pela ministra esta sexta-feira foi o dos farmacêuticos. O presidente Henrique Reguengo disse ao HealthNews que saiu da reunião com “esperança de que se comece efetivamente a discutir os problemas e a encontrar modo de os resolver”. O protocolo negocial contempla a atualização da tabela remuneratória e a organização do tempo de trabalho.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights