1 em 4 doentes de lúpus em risco por uso prolongado de corticoides

9 de Outubro 2024

No Dia Mundial das Doenças Reumáticas, a Associação de Doentes com Lúpus alerta para o uso excessivo de corticoides. Um em cada quatro doentes toma estes medicamentos há mais de uma década

No âmbito do Dia Mundial das Doenças Reumáticas, que se celebra a 12 de outubro, a Associação de Doentes com Lúpus (ADL) lança um alerta sobre o uso prolongado e excessivo de medicamentos corticoides no tratamento do lúpus.

Um inquérito recente da World Lupus Federation revela dados preocupantes: 91% dos doentes com lúpus usam ou usaram corticoides regularmente, com 75% a tomá-los há mais de um ano e 27% há mais de uma década. Esta utilização prolongada aumenta significativamente o risco de efeitos secundários graves, como diabetes, problemas cardíacos e osteoporose.

A presidente da ADL, Rita Mendes, sublinha a importância de oferecer aos doentes opções terapêuticas alternativas que minimizem os efeitos secundários e melhorem a qualidade de vida a longo prazo. Ela enfatiza a necessidade de informação, diálogo entre médico e doente, e diagnóstico precoce.

O estudo revelou que 60% dos inquiridos já experienciaram pelo menos um efeito colateral grave. Mais alarmante ainda, 43% admitem tomar doses diárias de corticoides superiores à dose de manutenção recomendada, aumentando exponencialmente o risco de complicações.

O Professor José Alves, diretor da unidade de doenças imunomediadas sistémicas do Hospital Fernando Fonseca, compara o uso de corticoides a um “empréstimo a prazo”, alertando para o aumento dos “juros” ao longo do tempo. Ele destaca a importância de informar os doentes sobre os riscos e benefícios da medicação e explorar alternativas terapêuticas.

O inquérito também revela uma lacuna na comunicação médico-paciente, com 39% dos doentes a não se sentirem envolvidos nas decisões sobre o seu tratamento. Esta falta de envolvimento pode levar à frustração e diminuir a adesão à terapêutica.

A ADL aproveita este Dia Mundial para chamar a atenção para a necessidade de uma abordagem mais personalizada no tratamento do lúpus. A associação incentiva os doentes a discutirem abertamente com os seus médicos sobre as opções de tratamento disponíveis e os potenciais riscos associados ao uso prolongado de corticoides.

Este alerta serve como um lembrete importante para a comunidade médica e para os decisores de saúde sobre a necessidade de investir em pesquisa e desenvolvimento de novas terapias para o lúpus que possam oferecer eficácia sem os riscos associados ao uso prolongado de corticoides.

PR/HYN/MMM

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Cerca de 44 mil pessoas pessoas morreram em 2023 vítimas do VIH/sida em Moçambique

“Não queremos dizer que estamos satisfeitos com 44 mil mortes. Esses números preocupam-nos, principalmente os de pessoas que estão a morrer em resultado de não estarem a fazer tratamento e, se estão, não o fazem corretamente”, disse o secretário executivo do Conselho Nacional do Combate à Sida, Francisco Mbofana, em conferência de imprensa, antecipando o dia mundial da luta contra VIH/Sida, que se assinala anualmente em 01 de dezembro.

Ana Escoval: “Boas práticas e inovação lideram transformação do SNS”

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, Ana Escoval, da Direção da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar, destaca o papel do 10º Congresso Internacional dos Hospitais e do Prémio de Boas Práticas em Saúde na transformação do SNS. O evento promove a partilha de práticas inovadoras, abordando desafios como a gestão de talento, cooperação público-privada e sustentabilidade no setor da saúde.

Fundador da Joaquim Chaves Saúde morre aos 94 anos

O farmacêutico Joaquim Chaves, fundador da Joaquim Chaves Saúde, morreu hoje aos 94 anos, anunciou o grupo, afirmando que foi “referência incontornável na área da saúde” em Portugal.

MAIS LIDAS

Share This