Aliança para o Cancro do Pulmão Defende Urgência de Rastreio Nacional

19 de Outubro 2024

Estudo revela que rastreio do cancro do pulmão em Portugal pode evitar 13.271 mortes em 40 anos. Especialistas apelam à implementação urgente, destacando custo-efetividade e benefícios para o SNS.

Um estudo recente, realizado pela Aliança para o Cancro do Pulmão, confirma que o rastreio do cancro do pulmão em Portugal é um investimento custo-efetivo que pode salvar milhares de vidas. Esta análise surge num momento em que o cancro do pulmão se afirma como a principal causa de morte por cancro no país, ceifando diariamente cerca de 14 vidas.

A Aliança para o Cancro do Pulmão, composta por sete entidades dedicadas a combater esta doença, adaptou localmente um modelo de custo-efetividade baseado no protocolo de investigação e nos resultados do programa NELSON, o maior estudo europeu sobre o rastreio do cancro do pulmão. O estudo NELSON demonstrou um potencial de redução da mortalidade em 25% numa população de alto risco após rastreio.

Os resultados da análise portuguesa são promissores: a implementação de um programa de rastreio poderia evitar 13.271 mortes por cancro do pulmão num horizonte temporal de 40 anos. Além disso, o rastreio não só aumenta a taxa de sobrevivência como também reduz os custos associados aos tratamentos mais avançados.

O Professor Rui Medeiros, um dos autores do estudo e membro da Direção da Liga Portuguesa Contra o Cancro NRNorte, destaca a importância destes resultados. Ele enfatiza que a prevenção do cancro do pulmão, combinando a redução do consumo de tabaco e a implementação do rastreio, pode ter um impacto significativo na redução do número de casos e mortes, além de contribuir para a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde.

O Professor António Araújo, Diretor do Serviço de Oncologia Médica na ULS Santo António, reforça que o rastreio do cancro do pulmão de base populacional é um método comprovado que permite o diagnóstico precoce e salva vidas. Ele apela à implementação urgente de um projeto piloto em Portugal.

Os especialistas envolvidos no estudo concluem que o rastreio do cancro do pulmão em Portugal deve ser a opção preferencial para o diagnóstico de doentes com cancro do pulmão na população de alto risco, em comparação com o percurso clínico atual. Eles sublinham que os resultados fornecem aos decisores informações que suportam a implementação de um programa de rastreio.

É importante notar que o impacto económico atribuído ao cancro do pulmão de células não-pequenas, o subtipo mais frequente, ascendeu a 143 milhões de euros em 2012, representando aproximadamente 0,09% do PIB português e 0,92% do total das despesas com a saúde. Nos últimos anos, a introdução de tratamentos inovadores tem melhorado a qualidade de vida e as taxas de sobrevivência dos doentes, mas também tem contribuído para o aumento dos custos de saúde.

O Professor Venceslau Hespanhol, Pneumologista no Hospital CUF Porto, enfatiza que desde 2011 é claro que o rastreio do cancro do pulmão em indivíduos de alto risco reduz a mortalidade em pelo menos 20%. Ele acrescenta que a União Europeia, desde 2022, considera necessário iniciar o rastreio do cancro do pulmão na Europa. O estudo agora publicado prova que o rastreio é custo-efetivo em Portugal, cria valor em saúde e a sua implementação necessita de apenas um terço dos custos considerados aceitáveis pela OMS para os rastreios.

PR/HN/MMM

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