A Johnson & Johnson Innovative Medicine estabeleceu uma parceria com o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto para realizar um estudo de vida real que caracterizasse os doentes com cancro da próstata em estádios mais precoces (localizado e localmente avançado), não-metastáticos. O estudo, denominado PEarlC, incidiu sobre cerca de 800 doentes da instituição e teve como objetivo documentar a evidência da prática clínica real.1
O número de doentes com cancro da próstata tem vindo a aumentar em Portugal, principalmente devido a um aumento no número de rastreios e um maior acesso aos cuidados de saúde no país. No entanto, continua a haver pouca informação, confirmando que é fundamental investir na geração de evidência de vida real.2
O estudo PEarlC é o primeiro que analisa uma coorte real tão abrangente num estadio mais precoce de cancro da próstata em Portugal. Após a análise de 790 doentes com cancro da próstata acompanhados no IPO do Porto, foi possível confirmar que os tratamentos praticados nesta amostra estão de acordo com as recomendações internacionais em vigor.1
A intervenção mais comumente realizada nos doentes de menor risco é a prostatectomia radical (39%), sendo a radioterapia concomitante com hormonoterapia mais frequente nos restantes doentes. No entanto, ainda não se sabe qual o melhor tratamento para estes doentes, nomeadamente os doentes com doença mais agressiva.1
Branca Barata, diretora de acesso ao mercado da J&J Innovative Medicine, afirmou que “este estudo pretende colmatar a falta de evidência nacional sobre cancro da próstata precoce, mas sabemos que não podemos ficar por aqui, uma vez que ainda há muito por saber para entender a patologia e melhor servir os doentes.” Reiterou ainda que a missão da companhia “é reforçar a posição enquanto parceiros dos hospitais portugueses na idealização e implementação destes estudos de caracterização de vida real”.
Após este estudo, foi possível aferir que o prognóstico da maioria dos doentes analisados era favorável. No entanto, os doentes com doença de alto risco mostraram piores resultados, nomeadamente a nível da sobrevida a 5 anos (89% vs. 97% nos doentes com menor risco).1
O Dr. Isaac Braga, médico urologista do IPO do Porto e coordenador deste estudo, afirmou que “espera-se que a inovação terapêutica que surja possa melhorar a sobrevivência livre de metástases, bem como a sobrevivência global destes doentes”. É nesse sentido que está a caminhar a investigação de uma forma generalizada e também no IPO do Porto.
O estudo PEarlC conclui que a atual estratégia de tratamento para controlo da doença e melhoria da sobrevida tem elevado sucesso, mas com necessidade de seguimento mais longo do estado do doente.1
O IPO do Porto é um dos centros mais relevantes para o tratamento de doenças oncológicas, onde se inclui o cancro da próstata, sendo responsável por gerir cerca de 850 novos doentes com cancro da próstata todos os anos, o que representa cerca de 11.3% dos novos casos em Portugal.3
Este estudo é da co-autoria de Isaac Braga, Salomé Gonçalves-Monteiro, Rita Calisto, Marta Rangel, Eduardo Medeiros, José Luís Cunha, Alina Rosinha, Ângelo Oliveira, Ana Cristina Fialho, Susana Santos, Patrícia Redondo e Maria José Bento.1
Referências
1. Braga, I., et al. “Real-world retrospective study of early-stage prostate cancer at a Portuguese Comprehensive
Cancer Centre: The PEarlC study”. Oncology Letters 2024; 28 (2);
2. Botelho F, et al. Prostate cancer treatment in Portugal: A nationwide analysis. Scientific Reports 2023; 13 (1);
3. Globocan 2022 website. Portugal. Disponível em: https://gco.iarc.fr/today/en/dataviz/maps-
heatmap?mode=population. Acedido em outubro de 2024
PR/HN/MMM
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