A Portugal com ACNUR, parceira nacional da Agência da ONU para os Refugiados, lança um alerta preocupante para 2025: a crise humanitária global continuará a agravar-se, afetando centenas de milhões de pessoas deslocadas em todo o mundo.
Joana Feliciano, Responsável de Comunicação e Relações Externas da organização, destaca que o ano já começou com eventos alarmantes, como um novo ciclone em Moçambique, o aumento da violência na República Democrática do Congo e a continuação do conflito na Síria.
O ACNUR prevê que o número de pessoas deslocadas possa atingir os 140 milhões em 2025, um novo recorde histórico. Filippo Grandi, Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, adverte que surgirão muitas crises ainda desconhecidas e emergências imprevisíveis.
As alterações climáticas estão a agravar significativamente a situação. Cerca de metade das pessoas deslocadas à força são afetadas tanto por conflitos como pelos efeitos adversos das mudanças climáticas, aumentando o risco de deslocações prolongadas, recorrentes e sucessivas.
O subfinanciamento das operações é apontado como o maior desafio, comprometendo a capacidade de resposta às necessidades básicas e a garantia dos direitos fundamentais dos deslocados. O ACNUR estima que necessitará de um orçamento de cerca de 10 mil milhões de dólares em 2025 para garantir proteção, assistência e soluções para as crises humanitárias existentes e novas.
As operações na Ucrânia, Líbano, Etiópia e Sudão são as que requerem maior financiamento. Além disso, prevê-se um aumento significativo no número de reinstalações, com cerca de 2,9 milhões de refugiados a necessitarem deste tipo de assistência em 20251.
Entre as emergências prolongadas que merecem especial atenção estão Myanmar, Afeganistão, República Democrática do Congo, Sudão e Síria. Estas crises têm-se agravado devido ao intensificar de conflitos, ao impacto das alterações climáticas e ao regresso em massa de refugiados para contextos vulneráveis.
Na República Democrática do Congo, o escalar da violência já forçou 237 mil pessoas a fugir só no primeiro mês de 2025. No Sudão, um novo surto de cólera ameaça as populações deslocadas e as comunidades de acolhimento.
O Afeganistão continua a ser uma das crises mais urgentes do mundo, com mais de meio milhão de refugiados afegãos a necessitarem de reinstalação em 2025. Na Síria, a crise que dura há 14 anos não mostra sinais de resolução, com 7,2 milhões de pessoas deslocadas internamente e 6,2 milhões de refugiados previstos para este ano.
A Portugal com ACNUR sublinha que as perspetivas para 2025 são profundamente preocupantes, dada a incerteza em torno de soluções pacíficas para estas crises, os conflitos crescentes em várias regiões, o financiamento limitado e a diminuição do apoio humanitário e da resiliência.
PR/HN/MM
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