Ninguém é demasiado jovem para ter cancro colorretal. E são os dados que confirmam uma tendência preocupante: a incidência deste tipo de cancro nas pessoas com menos de 50 anos aumentou 80% nos últimos 30 anos1. As estimativas apontam para que 11% dos cancros do cólon e 23% dos cancros do reto ocorram em indivíduos jovens (<50 anos) até 20302. Uma realidade para a qual se alerta neste Mês de Sensibilização para o Cancro Colorretal.
Em Portugal, o cancro colorretal é o cancro mais prevalente, com cerca de 10.000 novos casos por ano e com uma elevada mortalidade (cerca de 4800 mortes por ano)3. E, também em Portugal, a sua incidência está a aumentar, em particular na população abaixo dos 50 anos: em dez anos, este número duplicou – a incidência de cancro colorretal abaixo dos 50 anos era de 5% da totalidade dos cancros, atingindo agora os 10%.
Muito se tem falado sobre o que poderá estar a condicionar estes números, mas os especialistas concordam com a necessidade de reduzir a idade mínima recomendada para o rastreio, que deverá passar dos 50 para os 45 anos4.
Isto porque, quando se trata do cancro colorretal, a deteção precoce é fundamental. De acordo com o Registo Europeu para das Desigualdades no Cancro, no que diz respeito à mortalidade por cancro tratável, Portugal registou 28 mortes por 100.000 habitantes, ligeiramente acima da média da UE (27 mortes por 100.000 habitantes). E entre as mortes por cancro tratáveis, o cancro colorretal representou 52 % destas.
A estes dados juntam-se outros: o rastreio colorretal regista as menores taxas de adesão e de população abrangida pelos convites de todos os programas de rastreio de base populacional do País. Em 2022, apenas 33 % das pessoas elegíveis foram convidadas a participar e, destas, apenas 41 % aceitaram, o que resultou numa cobertura de rastreio efetiva de 14 %5 Este rastreio é feito de uma forma muito simples e não invasiva, através da pesquisa de sangue oculto nas fezes.
Para poder haver uma deteção precoce é preciso aumentar o conhecimento sobre a doença, nomeadamente sobre os seus sintomas que costumam ser inicialmente vagos e inespecíficos. Há, no entanto, alguns sinais de alerta, como a presença de sangue nas fezes, alteração dos hábitos intestinais, desconforto abdominal geral, perda de peso inexplicável ou fadiga prolongada, que devem motivar a ida a um médico6.
Referências:
- Bailey CE, Hu CY, You YN, et al. Increasing disparities in the age-related incidences of colon and rectal cancers in the United States, 1975–2010. JAMA Surg 2015; 150: 17–22
- Siegel RL, Fedewa SA, Anderson WF, et al. Colorectal cancer incidence patterns in the United States, 1974–2013. J Natl Cancer Inst 2017; 109: 8.
- Global Cancer Observatory (https://gco.iarc.who.int/media/globocan/factsheets/populations/620-portugal-fact-sheet.pdf)
- Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (https://www.spg.pt/sociedade-portuguesa-de-gastrenterologia-reforca-urgencia-para-a-prevencao-do-cancro-do-intestino/)
- Registo Europeu das Desigualdades para o Cancro 2025 (https://www.oecd.org/content/dam/oecd/pt/publications/reports/2025/02/eu-country-cancer-profile-portugal-2025_699bde59/ffdcd7a9-pt.pdf)
- ESMO/ACF Patient Guide Series based on the ESMO Clinical Practice Guidelines ESMO Colorectal Cancer Guide for Patients English
NR/PR/HN
0 Comments