Os farmacêuticos integrados na Linha SNS24 denunciaram publicamente uma decisão inesperada que limita drasticamente o seu papel na triagem clínica, alertando para consequências graves na eficiência do serviço e na segurança dos utentes. Até ao momento, estes profissionais, previamente selecionados e formados para o Perfil Sénior, tinham autonomia para resolver mais de 70 situações clínicas por mês, o que contribuiu para a redução significativa dos tempos de espera, melhor fluxo de chamadas e aumento da satisfação dos utentes. O reconhecimento oficial da qualidade do seu desempenho pela entidade gestora da linha, a MEO, reforçou a importância do seu contributo.
No entanto, um e-mail enviado ontem ao final da noite, comunicou que, a partir da meia-noite, os farmacêuticos veriam os seus honorários reduzidos e ficariam limitados à gestão de apenas duas situações clínicas, deixando de realizar triagem clínica plena. Esta medida, considerada incompreensível pelos profissionais, surge após um mês de resultados positivos e tem efeitos imediatos: chamadas que antes eram resolvidas numa única interação passarão a ser transferidas entre vários operadores, aumentando a confusão, os tempos de espera e a frustração dos utentes.
O risco de acumulação de chamadas em fila poderá traduzir-se em atrasos críticos no aconselhamento clínico, comprometendo a confiança no programa “Ligue Antes, Salve Vidas”, considerado essencial para a gestão da procura por cuidados de saúde. Os farmacêuticos manifestam profundo descontentamento, sublinhando que a decisão ignora o investimento na sua formação, os resultados práticos alcançados e a qualidade do serviço prestado. Consideram tratar-se de um retrocesso técnico e funcional, além de um sinal de desrespeito por uma classe que tem demonstrado compromisso com o Serviço Nacional de Saúde, especialmente em contextos exigentes.
A Ordem dos Farmacêuticos já tinha destacado o valor destes profissionais no reforço da Linha SNS24 e alertado para a necessidade de valorização e integração sustentada dos farmacêuticos no SNS, face aos desafios crescentes do setor. Os profissionais apelam agora à atenção da comunicação social para os potenciais impactos negativos desta decisão na confiança e funcionamento de um serviço que serve diariamente milhares de portugueses.
PR/HN/MM
0 Comments