Lateralidade ligada a distúrbios neurológicos com sintomas linguísticos e desenvolvimento precoce

6 de Maio 2025

Um estudo internacional revela que canhotos e mistos são mais comuns em pessoas com distúrbios neurológicos associados a sintomas linguísticos, como autismo e dislexia, sugerindo ligações no desenvolvimento cerebral precoce.

Um estudo publicado a 2 de maio de 2025 na revista Psychological Bulletin, liderado por investigadores da Ruhr-Universität Bochum (Alemanha), da Medical School Hamburg e de instituições na Holanda e Grécia, demonstrou que a lateralidade atípica (canhotos ou mistos) está significativamente associada a distúrbios neurológicos com manifestações precoces e sintomas relacionados à linguagem. A meta-análise, que reavaliou dados de estudos anteriores, identificou uma prevalência elevada de canhotos e mistos em indivíduos com autismo, esquizofrenia e dislexia, contrastando com a ausência de ligação em condições como a depressão, que tende a surgir mais tarde.

Os investigadores destacaram que tanto a lateralidade quanto a linguagem dependem de processos de lateralização cerebral, com regiões específicas do hemisfério esquerdo a coordenarem funções motoras e linguísticas. Distúrbios como a dislexia (dificuldades na leitura) e a esquizofrenia (alucinações auditivas) partilham mecanismos de desenvolvimento cerebral precoce que podem influenciar a preferência manual. Por exemplo, no autismo, onde há frequentemente comprometimento da comunicação, a taxa de canhotos chega a ser duas vezes superior à da população geral.

A equipa, coordenada pelo Dr. Julian Packheiser e pelo Professor Sebastian Ocklenburg, sublinhou que a associação é mais forte em condições com sintomas que emergem na infância, reforçando a hipótese de sobreposição de processos neurodesenvolvimentais. Em contraste, na depressão – tipicamente diagnosticada por volta dos 30 anos – não foi encontrada qualquer correlação com a lateralidade. Estes resultados apoiam a teoria de que fatores genéticos e ambientais, que moldam a organização cerebral nos primeiros anos de vida, influenciam tanto a preferência manual quanto a predisposição para certos distúrbios.

Referência: Julian Packheiser, Jette Borawski, Gesa Berretz, Sarah Alina Merklein, Marietta Papadatou-Pastou, Sebastian Ocklenburg: Handedness in Mental and Neurodevelopmental Disorders: A Systematic Review and Second-Order Meta-Analysis, in: Psychological Bulletin, 2025, DOI: 10.1037/bul0000471, https://doi.org/10.1037/bul0000471

NR/HN/Alphagalileo

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