Falta de evidência agrava disparidades nas mortes por queimaduras a nível global

26 de Maio 2025

A ausência de dados científicos e opções de tratamento adequadas faz com que as mortes por queimaduras sejam dez vezes mais frequentes em países pobres, onde 70% dos 11 milhões de casos anuais ocorrem, revela um estudo internacional recente.

A mortalidade por queimaduras apresenta uma disparidade alarmante entre países ricos e pobres, sendo dez vezes superior nos últimos, segundo um estudo conduzido pela Universidade de Bristol, no Reino Unido. Anualmente, 11 milhões de pessoas sofrem queimaduras, das quais 70% vivem em países de baixos e médios rendimentos. O trabalho, publicado na revista The Lancet, envolveu mais de 1.600 participantes de 88 países e destacou a falta de consenso entre profissionais de saúde sobre os tratamentos mais eficazes, incluindo ressuscitação com fluidos, curativos de feridas, enxertos de pele e intervenções psicológicas.

A investigação aponta para lacunas significativas na evidência científica, uma vez que a maioria dos estudos é realizada em países desenvolvidos, tornando os resultados pouco aplicáveis a contextos com menos recursos. Barreiras geográficas e económicas dificultam o acesso aos melhores cuidados, e o custo elevado dos tratamentos pode ser impeditivo para muitos doentes, levando, em alguns casos, à interrupção precoce dos cuidados e ao aumento da mortalidade.

O estudo identificou como prioridade máxima a necessidade de mais evidência sobre tratamentos agudos eficazes para queimaduras, além de destacar a importância do alívio da dor e do apoio psicológico. A recolha de dados custo-efetivos foi também apontada como fundamental. Globalmente, cerca de 180 mil pessoas morrem anualmente devido a queimaduras, sendo que, em países com menos recursos, lesões potencialmente tratáveis acabam por ser fatais devido à falta de acesso a cuidados especializados, dificuldades no controlo de infeções e ausência de acompanhamento adequado, como fisioterapia pós-enxerto.

Avanços médicos, como coberturas artificiais de pele e materiais inovadores para curativos, permanecem inacessíveis em muitos países de baixo rendimento. O impacto psicológico das queimaduras, agravado pelo estigma social e pela discriminação, é frequentemente descurado, especialmente em contextos onde o apoio psicológico é inexistente. Crianças gravemente queimadas são particularmente vulneráveis, enfrentando maiores riscos de mortalidade e sequelas físicas em ambientes com recursos limitados.

Os investigadores defendem a necessidade de colaboração internacional para desenvolver soluções adaptadas a diferentes realidades socioeconómicas, sublinhando que a resposta global é essencial para reduzir o sofrimento humano e melhorar os resultados clínicos e psicológicos dos sobreviventes de queimaduras em todo o mundo.

NR/HN/ALphagalileo

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