Terapia combinada aumenta esperança de vida em doentes com estenose aórtica e amiloidose cardíaca

3 de Junho 2025

Uma investigação internacional liderada por Christian Nitsche e Thomas Treibel demonstra que a combinação de substituição da válvula aórtica com terapia medicamentosa específica prolonga significativamente a vida em doentes idosos com doença cardíaca grave.

Uma equipa internacional de investigadores, liderada por Christian Nitsche, do Departamento de Medicina II da MedUni Vienna, e Thomas Treibel, do Departamento de Imagem Cardiovascular da University College London, revelou que a combinação de substituição da válvula aórtica com tratamento medicamentoso específico oferece uma vantagem significativa na sobrevivência de doentes com estenose aórtica e amiloidose cardíaca concomitante. Os resultados foram publicados no European Heart Journal e representam um avanço importante no tratamento de uma condição que afeta sobretudo idosos e está associada a um elevado risco de mortalidade.

O estudo analisou dados de 226 pacientes provenientes de dez países, todos diagnosticados com estenose aórtica — um estreitamento da válvula que regula o fluxo sanguíneo do ventrículo esquerdo para o corpo — e amiloidose cardíaca, doença caracterizada pelo depósito de proteínas mal conformadas no músculo cardíaco. Estas duas patologias, que frequentemente coexistem em pessoas mais velhas, comprometem gravemente a função de bombeamento do coração e, sem tratamento, podem ser fatais.

Até agora, a prática clínica limitava-se à substituição da válvula aórtica, deixando a amiloidose frequentemente por tratar. No entanto, a análise conduzida pela equipa liderada por Nitsche e Treibel demonstrou que tanto a cirurgia de substituição da válvula como o tratamento com tafamidis — um fármaco dirigido à amiloidose — estão associados a uma redução significativa do risco de morte. O benefício foi ainda mais notório nos doentes que receberam ambas as intervenções, alcançando taxas de sobrevivência a longo prazo comparáveis às de doentes com estenose aórtica sem amiloidose.

Os investigadores sublinham a importância de rastrear sistematicamente a presença de amiloidose em doentes com estenose aórtica grave, uma vez que cerca de 10% destes apresentam ambas as patologias, embora tal diagnóstico escape frequentemente na prática clínica diária. A combinação de terapias permite não só tratar o estreitamento valvular, aliviando o esforço mecânico sobre o coração, mas também retardar a progressão da amiloidose, melhorando significativamente o prognóstico destes pacientes.

Referência: European Heart Journal
Cardiac transthyretin amyloidosis treatment improves outcomes after aortic valve replacement for severe stenosis.
Christian Nitsche, Stephan Dobner, Hannah R. Rosenblum, Kush P. Patel, Simone Longhi, Ali Yilmaz, Marco Merlo, Maria Papathanasiou, Jan Griffin, Marish I.F.J. Oerlemans, Francisco Gama, Ashraf Hamdan, Andrew D. Kelion, Andreas Schuster, Sigita Glaveckaité, Nuriye Akyol, Aldostefano Porcari, Lara Schlender, Teresa Capovilla, Maximilian Autherith, Laurenz Hauptmann, Kseniya Halavina, João L. Cavalcante, Marianna Fontana, Paul R. Scully, James C. Moon, Julia Mascherbauer, Robin Ristl, Elena Biagini, Stefan Stortecky, Matthew S. Maurer, and Thomas A. Treibel; AS-Amyloidosis Consortium.
Doi: 10.1093/eurheartj/ehaf362
https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehaf362

NR/HN/ALphaGalileo

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