Medicamentos ósseos comuns associados a risco elevado de doença rara da mandíbula

4 de Junho 2025

Investigadores da Universidade de Oulu identificaram que medicamentos antiresortivos, especialmente o denosumab e em combinação com corticosteroides, aumentam significativamente o risco de osteonecrose da mandíbula, uma doença rara mas grave.

Um estudo populacional realizado pela Universidade de Oulu, na Finlândia, revelou que medicamentos comuns usados no tratamento de doenças ósseas, em particular os antiresortivos como o denosumab e os bisfosfonatos, estão associados a um risco significativamente aumentado de osteonecrose da mandíbula, sobretudo quando administrados em conjunto com corticosteroides. Esta condição, caracterizada pela deterioração e enfraquecimento do osso maxilar, pode ter consequências graves para os pacientes.

A investigação, conduzida por Miika Kujanpää, Ville Vuollo, Antti Tiisanoja, Marja-Liisa Laitala, György K. Sándor e Saujanya Karki, analisou dados de 58.367 adultos finlandeses que iniciaram terapêutica antiresortiva entre 2013 e 2015, acompanhando-os até 2020. Os resultados mostraram que a incidência de osteonecrose da mandíbula foi de 0,3% entre utilizadores de baixa dose de antiresortivos, mas atingiu 9% nos que receberam doses elevadas.

O risco revelou-se particularmente elevado nos doentes tratados com denosumab: estes apresentaram uma probabilidade cinco vezes superior de desenvolver osteonecrose da mandíbula em comparação com os utilizadores de bisfosfonatos, tanto em doses baixas como elevadas. A presença simultânea de corticosteroides agravou ainda mais o risco — duplicando-o em doentes sob altas doses de antiresortivos e multiplicando-o por seis em doentes sob doses baixas. O estudo identificou ainda o sexo masculino e o diagnóstico de cancro como fatores de risco adicionais para o desenvolvimento da doença.

Segundo Miika Kujanpää, investigador doutorando da Universidade de Oulu e dentista, “o nosso estudo confirma que o denosumab está associado a um risco significativamente mais elevado de osteonecrose da mandíbula em comparação com os bisfosfonatos, sendo a diferença de risco surpreendentemente grande. Foi também particularmente inesperado o impacto do uso simultâneo de corticosteroides em doentes sob medicação óssea de baixa dose”.

Os autores recomendam uma monitorização mais rigorosa dos doentes que necessitam de terapêuticas combinadas, especialmente da associação de denosumab e corticosteroides, e reforçam a importância da avaliação da saúde oral antes e durante o tratamento, para mitigar riscos e prevenir complicações graves.

Referência: The study was published in Scientific Reports in May. It was funded in part by the Finnish Dental Society Apollonia.
Article: Kujanpää, M., Vuollo, V., Tiisanoja, A. et al. Incidence of medication-related osteonecrosis of the jaw and associated antiresorptive drugs in adult Finnish population. Sci Rep 15, 17377 (2025). https://doi.org/10.1038/s41598-025-02225-2

NR/HN/AlphaGalileo

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

CUF investe 11 milhões em nova clínica em Mafra

A nova Clínica CUF Mafra abriu portas na Quinta das Pevides, resultado de um investimento de 11 milhões de euros, criando 100 novos postos de trabalho e ampliando a oferta de cuidados de saúde para mais de 86 mil habitantes do concelho.

Cinco urgências fechadas no sábado e seis no domingo

Cinco urgências de ginecologia e obstetrícia e de pediatria vão estar encerradas no sábado e seis no domingo, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo, de acordo com as escalas publicadas no portal do SNS.

MAIS LIDAS

Share This