Avanços médicos mudam perfil das mortes por doenças cardíacas em 50 anos

22 de Junho 2025

Apesar de uma redução de 66% nas mortes por doenças cardíacas nos EUA desde 1970, o perfil das causas mudou: ataques cardíacos caíram 90%, mas mortes por insuficiência cardíaca, arritmias e doenças hipertensivas aumentaram.

Nas últimas cinco décadas, os Estados Unidos assistiram a uma transformação marcante no panorama das doenças cardíacas. Um novo estudo revela que, embora a taxa de mortalidade global por doenças cardíacas tenha diminuído 66% desde 1970, e as mortes por ataque cardíaco quase 90%, o tipo de doenças cardíacas que mais matam mudou significativamente. Atualmente, insuficiência cardíaca, arritmias e doenças cardíacas hipertensivas são responsáveis por uma fatia crescente das mortes, refletindo avanços médicos e novos desafios.

A análise, baseada em dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, avaliou adultos com 25 anos ou mais entre 1970 e 2022. Em 1970, ataques cardíacos representavam 54% das mortes por doenças cardíacas, mas em 2022 esse valor caiu para 29%. Em contrapartida, mortes por insuficiência cardíaca, arritmias e doenças hipertensivas aumentaram 81%, passando de 9% para 47% do total de óbitos por doenças cardíacas.

O estudo destaca que as mortes por arritmias tiveram o maior crescimento relativo, com um aumento de 450% na taxa ajustada por idade, embora representem apenas cerca de 4% das mortes cardíacas em 2022. As mortes por insuficiência cardíaca subiram 146% e as relacionadas com doenças cardíacas hipertensivas aumentaram 106%.

Esta evolução deve-se, em parte, a avanços em saúde pública e intervenções médicas, como a criação de unidades de cuidados coronários, o desenvolvimento de técnicas como angioplastia e stents, e a introdução de terapias farmacológicas inovadoras. Estes progressos permitiram salvar vidas em situações de ataque cardíaco, mas também contribuíram para que mais pessoas vivam com doenças cardíacas crónicas, aumentando os casos de insuficiência cardíaca e arritmias.

Apesar dos avanços, fatores de risco como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão e sedentarismo aumentaram significativamente. A prevalência de obesidade subiu de 15% para 40% desde os anos 1970, enquanto a diabetes tipo 2 e a hipertensão afetam quase metade dos adultos americanos. O envelhecimento populacional, com a esperança média de vida a subir de 70,9 para 77,5 anos, também contribui para o aumento de doenças cardíacas crónicas.

O relatório sublinha a importância da prevenção ao longo da vida, destacando oito componentes essenciais para a saúde cardiovascular: alimentação equilibrada, atividade física, abandono do tabaco, sono saudável, controlo do peso, colesterol, glicemia e pressão arterial.

A investigação alerta que, apesar do sucesso na redução das mortes por ataque cardíaco, o desafio agora é travar o aumento das doenças cardíacas crónicas, exigindo estratégias de prevenção desde a infância e cuidados multidisciplinares para um envelhecimento saudável.

referencias Journal of the American Heart Association DOI: 10.1161/JAHA.124.038644 1
ORIGINAL RESEARCH
Heart Disease Mortality in the United States, 1970 to 2022
Sara J. King , MD*; Tenzin Yeshi Wangdak Yuthok , MS*; Adrian M. Bacong , PhD, MPH; Abha Khandelwal, MD; Dhruv S. Kazi , MD, MSc, MS; Michael E. Mussolino, PhD; Sally S. Wong, PhD, RD, CDN; Seth S. Martin , MD, MHS; Eldrin F. Lewis, MD, MPH; Fatima Rodriguez , MD, MPH; Latha P. Palaniappan, MD, MS

NR/HN/AlphaGalileo

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