Diretora de Obstetrícia dos Hospitais de Coimbra exige urgência na construção de nova maternidade

18 de Novembro 2020

A diretora do Departamento de Ginecologia, Obstetrícia, Reprodução e Neonatalogia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) disse esta quarta-feira que é urgente a construção de uma nova maternidade na cidade e alertou para a proximidade de um colapso.

“A urgência de substituir as valências das maternidades Daniel de Matos e Bissaya Barreto é cada vez maior”, frisou Teresa Almeida Santos, em comunicado enviado à agência Lusa, referindo que a construção de uma nova maternidade, prometida há oito anos, “não pode ser um campo de batalha”.

Salientando que o CHUC “tem mais partos do que qualquer outra maternidade no país”, a responsável denunciou a falta de serviços essenciais, como cuidados intensivos e apoio de especialidades nas duas maternidades em funcionamento, bem como falta de condições nos “velhos edifícios e blocos operatórios”.

“Por não haver serviço de sangue em nenhuma das maternidades, quando há uma hemorragia importante, é preciso esperar pelo sangue que vem do Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC). Com duas maternidades em funcionamento, estamos à beira de não assegurar as urgências dos dois lados, comprometendo a resposta e a segurança”, alerta a diretora do departamento.

Teresa Almeida Santos considera que “uma nova maternidade é uma prioridade e uma emergência”, alertando que o “colapso está iminente”, pelo que a discussão em torno da sua localização não pode adiar o que é “essencial ser feito”.

Segundo a especialista, o bloqueio na construção da nova maternidade “não é a crónica falta de dinheiro”, mas sim “a crítica localização”.

As forças políticas da cidade defendem a sua edificação no perímetro do Hospital Geral (Covões) e o ministério da Saúde entende que a melhor localização é no perímetro dos HUC, com base em estudos técnicos.

A responsável do Departamento de Ginecologia, Obstetrícia, Reprodução e Neonatalogia do CHUC refere que existem vários estudos feitos sobre qual a melhor solução, “coincidentes nas suas conclusões”, mas que depois são acusados de ser “encomendados”.

“Será preciso um novo estudo? Ou terá de se esperar até o resultado de um estudo agradar a quem pode decidir ou influenciar a decisão?”, questiona.

Segundo Teresa Almeida Santos, entre os profissionais de saúde das duas maternidades “existe a convicção de que a localização no ‘campus’ do HUC assegura a segurança das mulheres e dos recém-nascidos (todos os recursos necessários ao cuidado das grávidas, puérperas e recém-nascidos em situação de emergência já existem, também pela proximidade do Hospital Pediátrico)”.

“Mas o mais grave é que os argumentos aduzidos colocam quem devia estar em primeiro lugar fora da equação: as grávidas, as mães e os bebés. Não se ouve nem se lê sobre o que será melhor para os maiores interessados”, lamenta.

A diretora do departamento de Ginecologia, Obstetrícia, Reprodução e Neonatalogia do CHUC entende que o “melhor para grávidas, mães e bebés é que a decisão seja tomada rapidamente e tendo em vista, à partida, a sua segurança, bem-estar e futuro”.

LUSA/HN

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