Entre 01 de março e 17 de abril, o instituto de estatísticas britânico (ONS) registou 20.283 mortes atribuídas ao novo coronavírus e, analisando os dados, descobriu que a taxa de mortalidade em zonas mais desfavorecidas é de 55,1 mortes por 100 mil habitantes, contra 25,3 mortes por cada 100 mil em zonas menos desfavorecidas.
Esta disparidade também é visível em Londres, a região com a maior proporção de óbitos durante a pandemia no Reino Unido, onde a taxa de mortalidade subiu a 85,7 mortes por 100 mil pessoas, com destaque para bairros como Newham, Brent e Hackney.
As zonas mais desfavorecidas são classificadas devido aos elevados níveis de desemprego e criminalidade, habitação de pior qualidade e por terem menor acesso a serviços como saúde ou educação.
“As taxas de mortalidade são normalmente mais elevadas nas áreas mais carenciadas, mas a covid-19 parece acentuá-lo ainda mais”, vincou o analista do ONS especialista em questões de saúde, Nick Stripe.
Um outro estudo, do Instituto de Estudos Fiscais, concluiu que o número de mortes entre a população negra ou de minorias étnicas é muito maior do que entre os brancos, em parte porque eles têm profissões com maior exposição ao vírus.
Homens de origem paquistanesa têm 90% mais probabilidades de trabalhar no setor de saúde do que homens brancos britânicos e, embora as pessoas de ascendência indiana representem apenas 3% da população em idade ativa em Inglaterra e no País de Gales, elas representam 14% dos médicos.
O relatório também descobriu que a mortalidade ‘per capita’ devido ao novo coronavírus na população de países das Caraíbas é três vezes maior do que a dos britânicos brancos.
O Governo britânico já tinha manifestado preocupação com a elevada taxa de mortalidade entre pessoas negras, asiáticas ou de minorias étnicas devido ao elevado número de mortes junto de profissionais de saúde, e está a investigar eventuais vulnerabilidades genéticas à doença.
“A nossa análise indica que 63% dos profissionais de saúde que morreram de coronavírus eram negros ou de minorias étnicas”, adiantou Tim Cook, professor da Universidade de Bristol.
O estudo refere ainda que outro fator podem ser problemas de saúde subjacentes, já que dois terços das pessoas originárias do Bangladesh com mais de 60 anos sofrem de doenças crónicas, o que faz com que entrem para o grupo de risco.
O Reino Unido registou até agora 26.711 mortes de pessoas infetadas durante a pandemia covid-19 e mais de 171 mil casos de contágio, de acordo com os dados atualizados na quinta-feira pelo Ministério da Saúde britânico.
Lusa/HN
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