Um estudo da Universidade de Bristol sugere que as vitaminas D, K e A, esteroides e medicamentos antivirais, podem ajudar a combater a Covid-19. O alvo é a proteína “skipe” do SARS-CoV-2, que perde capacidade para infetar as célula

3 de Fevereiro 2021

Um estudo da Universidade de Bristol sugere que as vitaminas D, K e A, esteroides e medicamentos antivirais, podem ajudar a combater a Covid-19. O alvo é a proteína “skipe” do SARS-CoV-2, que perde capacidade para infetar as célula

Têm vindo a surgir evidências de que a vitamina D – e possivelmente  as vitaminas K e A – podem ajudar a combater a Covid-19. Resultados de um novo estudo da Universidade de Bristol, publicado no jornal da Sociedade Química Alemã – “Angewandte Chemie” – mostram como as vitaminas, esteroides e medicamentos antivirais podem funcionar no combate à Covid-19.

A investigação mostrou que os suplementos e compostos dietéticos (vitaminas D, K e A) podem ligar-se à proteína “skipe” do vírus SARS-CoV-2 reduzindo a sua infeciosidade. Em contrapartida, o colesterol pode aumentar essa mesma infeciosidade, o que explica a razão do colesterol elevado ser considerado um fator de risco para a Covid-19 grave.

Recentemente, investigadores da Universidade de Bristol mostraram que o ácido linoleico liga-se a um local específico da proteína “spike” e que esta ligação bloqueia a proteína, tornando-a menos infeciosa.

Agora, a equipa de investigação usou métodos computacionais para pesquisar outros compostos que possam ter o mesmo efeito como potenciais tratamentos. Os investigadores esperam evitar que as células humanas sejam infetadas, ao impedir que a proteína viral “spike” possa interagir com a proteína humana ACE2.

Novos medicamentos antivirais podem levar anos para serem projetados, desenvolvidos e testados, por isso os investigadores analisaram uma ampla gama de medicamentos e vitaminas para identificar quais deles podem ligar-se à proteína “spike“ do SARS-CoV-2.

A equipa estudou primeiro os efeitos do ácido linoleico na proteína “spike”, usando simulações computacionais para mostrar que o ácido linoleico desestabiliza a proteína “spike”. Outras simulações mostraram que a dexametasona – que é um tratamento eficaz para a Covid-19 – também se pode ligar à proteína “spike” e ajudar a reduzir a infeciosidade viral, além dos efeitos no sistema imunológico humano.

Para os investigadores, que realizaram simulações com outros compostos, as suas descobertas sugerem que há vários candidatos a medicamentos, entre produtos farmacêuticos e componentes dietéticos, incluindo alguns que retardaram a reprodução do SARS-CoV-2 em laboratório. Os produtos têm o potencial de se ligar à proteína “spike” do vírus e podem ajudar a prevenir a sua entrada nas células.

As simulações efetuadas também previram que as vitaminas D, K e A, solúveis em gordura, se ligam à proteína “spike” da mesma forma, diminuindo a sua capacidade de infetar as células.

Deborah Shoemark, investigadora sénior da Escola de Bioquímica da Universidade de Bristol, explicou: “As nossas descobertas ajudam a explicar como algumas vitaminas podem desempenhar um papel mais direto no combate à Covid-19 do que o seu suporte convencional do sistema imunológico humano.”

“A obesidade é um importante fator de risco para Covid grave. A vitamina D é solúvel em gordura e tende a acumular-se no tecido adiposo. Isso pode diminuir a quantidade de vitamina D disponível nos indivíduos obesos. Os países onde se verificam deficiências de vitaminas, têm vindo a sofrer muito durante o curso da pandemia”, referiu. “A nossa investigação sugere que algumas vitaminas essenciais e ácidos gordos, incluindo o ácido linoleico, podem contribuir para impedir a interação da proteína “spike” com a ACE2. Em contrapartida, a deficiência de qualquer um deles pode tornar mais fácil a infeção pelo SARS-CoV-2”.

Níveis elevados de colesterol pré-existentes à infeção também foram associados a um risco aumentado de Covid-19 grave. De acordo com Deborah Shoemark “o uso de estatinas para baixar o colesterol reduz o risco de desenvolver formas graves da doença e diminui o tempo de recuperação em casos menos graves”. Os resultados sugerem que, “ao interagir diretamente com a proteína “spike”, o vírus pode “sequestrar” o colesterol para atingir as concentrações locais necessárias para facilitar a entrada nas células, e isso também pode ser responsável pela perda observada de colesterol circulante pós-infeção”.

Informação bibliográfica completa:

“Molecular simulations suggest vitamins, retinoids and steroids as ligands binding the free fatty acid pocket of SARS-CoV-2 spike protein” by C Toelzer et al in Angewandte Chemie.

AlphaGalileo/HN/Adelaide Oliveira

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