No Dia Internacional da Epilepsia, que se assinala hoje, arranca a campanha internacional “Epilepsia é mais do que ter crises”, à qual a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia se associa para relembrar as várias repercussões da doença.
A campanha alerta para as repercussões da doença a nível familiar, social e profissional. O médico neurologista Francisco Sales – coordenador do Centro de Referência de Epilepsia Refratária do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e membro da comissão organizadora da semana da epilepsia – informa que a campanha nos direciona “para duas realidades distintas”: a das pessoas que têm por norma as crises controladas, embora tomem medicação diariamente, “que felizmente abarca a maioria das pessoas com esta doença”, e a das que vivem com formas mais graves de epilepsia, que são cerca de 20 mil pessoas em Portugal.
Sobre a segunda realidade, Francisco Sales explica: “Este grupo de doentes tem maior morbilidade e mortalidade e maior impacto em termos económicos, pela necessidade de recorrerem com mais frequência aos serviços de saúde. Referindo que problemas neurológicos e cognitivos, distúrbios de sono, efeitos secundários associados à medicação e impacto na saúde mental são alguns dos inúmeros efeitos colaterais da epilepsia”.
Em comunicado, a Liga Portuguesa Contra a Epilepsia (LPCE) defende que, durante o atual período de confinamento devido à pandemia por Covid-19, deve existir um particular cuidado na reorganização dos cuidados de saúde, de forma a que as pessoas com epilepsia continuem a ser acompanhadas. “Reconhecemos que há muitas limitações por parte das equipas médicas, mas a garantia de teleconsultas e disponibilização de serviços de apoio psicológico são fulcrais. É preciso uma reorganização de recursos e tempo, sem esquecer os casos que precisam de tratamento presencial, com terapias adaptadas às suas necessidades individuais”, afirma Francisco Sales.
“A determinação em manter a nossa missão, que é sobretudo de formar e cuidar, obriga a vencer todas as vicissitudes e continuar. Durante este ano fomos colocados à prova na nossa capacidade de resistir, de transformar, de modificar e de nos adaptarmos. Nunca desistir”, afirma a presidente da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia, Manuela Santos.
Os temas apresentados na campanha “Epilepsia é mais do que ter crises” representam a base de sensibilização para assinalar a semana da epilepsia, de 08 a 13 de março, e para a comemoração dos 50 anos da LPCE. Além disso, constituem o arranque do 33º Encontro Nacional de Epileptologia, no qual serão apresentados os derradeiros avanços e desafios na área. Os últimos anos foram marcados por novos projetos e descobertas no tratamento da Epilepsia, em particular na área da neuro-estimulação e das técnicas minimamente invasivas.
A campanha começa hoje, na página de Facebook da LPCE, com as principais mensagens que vão marcar o mês de fevereiro e março, das 18 às 19h.
PR/HN/RA
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