O estudo, publicado em Development and Psychopathology, revela que crianças com problemas de saúde crónicos apresentaram taxas mais altas de doença mental aos 10 anos. E o mesmo sucede aos 13 e 15 anos.
Para realizar o estudo, os investigadores procederam à revisão de uma amostra de aproximadamente 7.000 crianças para investigar a ocorrência de distúrbios de saúde mental, incluindo ansiedade ou depressão e doenças crónicas. A medição da doença crónica foi baseada na avaliação da saúde dos filhos aos 10 e 13 anos, efetuada pelas mães. Como as condições crónicas são definidas como aquelas que não podem ser curadas – mas podem ser controladas por medicamentos e outras terapias e ter pouca atividade – essa medição incluiu crianças que apresentavam também pequenos problemas de saúde.
Os investigadores descobriram que as crianças com condições crónicas de saúde tinham aproximadamente duas vezes mais probabilidades de apresentar um distúrbio de saúde mental aos 10 e aos 13 anos do que o grupo de controlo (crianças avaliadas pelas suas mães como “saudáveis, sem problemas”). Aos 15 anos, as crianças com problemas de saúde crónicos tinham 60% mais probabilidades de apresentar esses distúrbios.
A autora do estudo, Dra. Ann Marie Brady, da Universidade Queen Mary de Londres, referiu: “Embora a ligação entre doenças crónicas e problemas de saúde mental na infância tenha sido realizada antes, este estudo fornece as evidências mais fortes até ao momento, no que diz respeito aos últimos anos da infância e os primeiros da adolescência. O impacto da doença crónica na saúde mental é preocupante. O primeiro impacto pode ser visto antes da adolescência, no final da infância”.
Para investigar melhor este padrão, os investigadores analisaram um subconjunto de crianças diagnosticadas com asma. Os sintomas desta doença são geralmente leves e bem controlados. No entanto, os investigadores descobriram que as crianças asmáticas mostraram um padrão semelhante, com uma taxa mais alta de doença mental aos 10, 13 e 15 anos do que as crianças saudáveis.
O estudo também analisou os fatores adicionais que podem explicar o vínculo entre condições crónicas e doenças mentais. A amostra foi retirada do estudo Children of the 90s, que também contém informações de pais e filhos sobre outros problemas, incluindo o funcionamento familiar, amizades, níveis de atividade infantil, bullying e absentismo escolar.
Os investigadores descobriram que o bullying e o absentismo escolar relacionado com a saúde emergem como os fatores adicionais mais significativos para as crianças com problemas de saúde mental. O absentismo escolar relacionado com a saúde foi identificado como o fator mais consistente para prever problemas de saúde mental ao longo do tempo.
De acordo com Brady “a doença crónica interrompe a vida normal das crianças, e isso pode afetar o seu desenvolvimento e bem-estar. No nosso estudo, mesmo crianças com asma, uma condição crónica geralmente tratável e menos debilitante, apresentaram taxas mais altas de doença mental do que as crianças saudáveis. Se as crianças com condições crónicas têm maior probabilidade de faltar à escola ou sofrer bullying, isso pode piorar a situação. Observar a frequência escolar e procurar evidências de bullying entre crianças com doenças crónicas pode ajudar a identificar aquelas que estão em maior risco”.
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