A cerca de seis meses das eleições gerais na Alemanha, agendadas para 26 de setembro, os índices de aprovação do partido conservador também estão a ser abalados por um recente escândalo, conhecido como o “caso das máscaras”, que envolveu parlamentares da CDU e do seu aliado bávaro União Social-Cristã (CSU) e o respetivo alegado enriquecimento com um negócio de compra de máscaras de proteção individual durante o ano passado, já em plena crise sanitária.

Alguns desses representantes acabaram por abandonar as respetivas forças políticas.

“Erros na gestão da pandemia e certos erros pessoais, egoísmo nas nossas próprias fileiras, afastaram a confiança na fiabilidade e levaram à diminuição das capacidades da CDU como um todo”, declarou Armin Laschet, que assumiu a liderança do partido conservador alemão em janeiro passado.

“Vamos mudar isso, vamos fazer melhor. Assumirei uma responsabilidade pessoal por isso”, afirmou o político e possível candidato para substituir a chanceler alemã (no poder há cerca de 16 anos) na liderança do país após as eleições gerais de setembro.

A CDU ainda não designou o seu candidato a chanceler. É expectável que a força política decida sobre esta matéria entre o período da Páscoa e o final de maio.

Em meados deste mês, Armin Laschet já tinha prometido melhorar a gestão da crise pandémica no país, após um revés eleitoral e um desempenho “dececionante” da CDU nas eleições em dois estados do sul da Alemanha, Baden-Württemberg e Renânia-Palatinado.

No discurso de hoje, que marcou o lançamento de uma plataforma eleitoral dos conservadores com vista às futuras eleições gerais, Armin Laschet defendeu que o partido de centro-direita representa um “modelo de liberdade, mas também de responsabilidade social”.

“Somos o baluarte contra as políticas orientadas pela ideologia que atingem todas as partes da vida das pessoas”, acrescentou.

Na mesma intervenção, Armin Laschet defendeu uma “transformação digital” ao nível do Estado e dos serviços administrativos e pediu “mais confiança” nas regiões.

“O Estado e a administração devem ser mais digitalizados, mais rápidos e mais eficientes. Precisamos de uma mudança cultural”, prosseguiu.

Armin Laschet, que é o governador da Renânia do Norte-Vestfália (a região alemã mais populosa), voltou hoje a defender o papel das regiões: “Precisamos de ter confiança naqueles que trabalham no terreno e permitir mais liberdade e flexibilidade”.

Na véspera, o político já tinha assegurado, em nome dos governadores dos 16 estados federados que compõem a Alemanha, que cada um “leva muito a sério” o respeito das medidas restritivas, numa altura em que o país é atingido por uma terceira vaga de casos da doença Covid-19.

No passado fim de semana, a chanceler alemã, Angela Merkel, em declarações num programa de televisão, expôs a sua frustração com os responsáveis pelos 16 estados federados em relação às medidas de combate à pandemia, onde está incluído Armin Laschet, e ameaçou centralizar a resposta à Covid-19 na Alemanha.

Estas declarações de Merkel seguiram-se a uma semana em que o executivo alemão anunciou um confinamento rigoroso durante o período da Páscoa e depois, perante questões legais e de logística, recuou.

No seguimento, Angela Merkel veio publicamente assumir o erro e pedir desculpa aos alemães.

LUSA/HN