O dia 13 de Maio de 1926 marca o nascimento da mais antiga associação de pessoas com diabetes em todo o Mundo, a Associação Protectora dos Diabéticos Pobres (APDP), que, em 1973, passou a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal. Na sua origem esteve o objectivo filantrópico de fornecer gratuitamente insulina às pessoas indigentes e, portanto, sem possibilidades de sobreviver por não conseguirem comprar este medicamento essencial às suas vidas. Desde a sua fundação que a APDP percebeu que a única forma de tratar as pessoas com diabetes era, para além do acesso aos medicamentos e tecnologias, dar-lhe também as ferramentas para que consigam gerir a diabetes diariamente. Este empoderamento por via da educação em diabetes foi, e ainda é, um dos motores da melhoria da qualidade de vida das pessoas com diabetes.
Esta Associação tem uma história rica, cheia de eventos surpreendentes e com uma capacidade extraordinária de superação das dificuldades, veja-se a crise por que passou em finais dos anos 40 que quase ditou o seu encerramento. É uma instituição que tem um movimento constante de modernização e uma capacidade inesgotável de se reinventar para se adaptar ao tempo actual e responder às necessidades das pessoas com diabetes.
Falar da APDP é falar das pessoas que lá trabalham e que lá trabalharam, das pessoas que fizeram da APDP uma instituição de excelência, de reconhecido mérito e uma referência a nível nacional e internacional. Desde logo a começar pelo seu fundador, o Dr. Ernesto Roma. Homem de uma visão ímpar que apostou na formação a vários níveis das pessoas que eram contratadas pela APDP, não só formação técnica como também nas relações humanas com os doentes. Desde o seu início que a APDP coloca a pessoa com diabetes no centro, sendo a pessoa recebida como se fosse a sua casa. É assim que me sinto cada vez que entro pela porta da APDP. Esta humanização do atendimento é ainda hoje um dos aspectos centrais desta Associação. Sendo a diabetes uma doença crónica, a empatia entre os técnicos de saúde e as pessoas com diabetes é crucial para se estabelecer uma boa relação clinica e criar um ambiente de confiança que potencie atingir os objectivos pretendidos.
O Dr. Roma desenvolveu na altura o conceito revolucionário de educação do doente, no que hoje se chama de educação terapêutica e no empoderamento da pessoa, onde a pessoa com diabetes assume a responsabilidade da gestão da sua diabetes, porque cada pessoa tem a sua diabetes e nenhuma diabetes é igual às outras.
É interessante ver que esta visão de envolver a pessoa, tendo sido pioneira na altura, ainda persiste no tempo, sendo cada vez mais necessária. Veja-se a recente publicação da Organização Mundial da Saúde: “Nothing for us, without us”
(https://www.who.int/publications/i/item/nothing-for-us-without-us-opportunities-for-meaningful-engagement-of-people-living-with-ncds)
A APDP tem tido ao longos dos seus 95 anos de idade uma forte intervenção social e política na defesa dos interesses das pessoas com diabetes, com intervenções públicas de destaque, mas também através do contacto permanente com os decisores políticos.
Esta intervenção continua a ser necessária para combater as desigualdades e discriminação que existem ainda hoje, tal como o acesso a algumas profissões e o acréscimo no valor a pagar pelos seguros de vida e de saúde, que podem atingir valores absurdos, só pelo facto de uma pessoa ter diabetes sem se analisar cada caso em particular.
APDP, a melhorar a qualidade de vida das pessoas com diabetes desde 1926!
www.apdp.pt
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