BE fala em “profunda desilusão” e acusa UE de ser entrave à vacinação universal

8 de Maio 2021

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) disse este sábado que a Cimeira Social foi "uma profunda desilusão", criticando a ausência de medidas concretas e acusando a Comissão Europeia de ser um entrave à universalização das vacinas contra a Covid-19.

“Aqui no Porto, os líderes europeus encontraram-se para afirmar o Pilar Social da União Europeia, mas esta cimeira social foi uma profunda desilusão”, afirmou Catarina Martins, em declarações aos jornalistas.

No Marquês, no Porto, a líder do Bloco integrou, juntamente com uma comitiva do partido, a manifestação convocada pela CGTP, iniciativa que coincidiu com a cimeira informal dos chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE), no âmbito da Cimeira Social do Porto.

Para Catarina Martins, há duas razões que explicam a “profunda desilusão” com os resultados da Cimeira Social do Porto, a primeira das quais a ausência de medidas concretas.

“A União Europeia, um dos espaços económicos mais ricos do mundo, tem 100 milhões de pessoas a viver na pobreza. Há tanta gente que mesmo trabalhando não consegue sair da pobreza e não há uma única medida concreta, nem para o emprego, nem para o salário, que saia desta cimeira, que é por isso uma enorme desilusão”, disse.

Por outro lado, acrescentou a bloquista, há a questão sanitária e de combate à pandemia de Covid-19, cujo papel da União Europeia merece críticas.

“Quando na Organização Mundial do Comércio se vai discutir a quebra de patentes para universalizar as vacinas, e os próprios Estados Unidos da América mostraram abertura, a União Europeia continua a ser um entrave a que a vacina chegue a todo o mundo e essa é também uma profunda desilusão”, defendeu, sublinhando que “não haveria maior política social, neste momento de pandemia, do que garantir que toda a gente tem acesso à vacina”.

Descrevendo Portugal como país desigual antes da crise pandémica e ainda mais depois, Catarina Martins justificou a presença do BE na manifestação com a necessidade de lutar contra a precariedade e contra a crise, combatendo, nomeadamente a exploração laboral.

“Nesta pandemia, ao mesmo tempo que as plataformas multinacionais digitais da Uber, da Glovo, da Amazon aumentaram milhões e milhões de lucros, os estafetas estão na mais absoluta precariedade. Trabalham 12, 14 horas por dia e mesmo assim não saem da miséria. O que é que a União Europeia tem a dizer sobre isto: zero, nada. Esta é a vergonha”, disse.

E rematou: “O que nós precisamos é de uma resposta justa à crise, não precisamos de mais boas palavras, precisamos de boas ações”.

Os chefes de Estado e de Governo da UE comprometeram-se hoje, na Cimeira Social do Porto, “a aprofundar a implementação” do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, defendendo que este seja um “elemento fundamental da recuperação” pós-crise pandémica.

“Estamos determinados a continuar a aprofundar a implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais ao nível da UE e nacional, tendo em devida conta as respetivas competências e os princípios da subsidiariedade e proporcionalidade”, defendem os líderes europeus na Declaração do Porto, hoje firmada.

Na Declaração do Porto, os líderes europeus assinalam que, “à medida que a Europa se recupera gradualmente da pandemia de covid-19, a prioridade será passar da proteção à criação de empregos e melhorar a qualidade do emprego, onde as pequenas e médias empresas (incluindo as empresas sociais) desempenham um papel fundamental”.

Para tal, “o nosso compromisso com a unidade e a solidariedade também significa assegurar a igualdade de oportunidades para todos e que ninguém seja deixado para trás”, vincam ainda.

Comprometem-se ainda a “intensificar esforços para combater a discriminação e trabalhar ativamente para reduzir as disparidades de género no emprego, remuneração e pensões e para promover a igualdade e justiça para cada indivíduo”.

LUSA/HN

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