Jan Wiggert Kuijvenhoven é diretor do Duna Parque Hotel Group, que detém sete unidades hoteleiras naquela vila do concelho de Odemira e, em declarações à agência Lusa, garantiu que “está tudo cheio” este fim de semana, sendo a “grande maioria” dos clientes oriundos da “grande área de Lisboa”.
Em relação à cerca sanitária, o empresário considerou que é “muito cedo” para fazer uma análise aos prejuízos que essa situação eventualmente possa vir a causar, embora tenha observado que apenas “alguns” turistas não estão a conseguir “ultrapassar essa situação” e, por isso, estão a evitar rumar a Vila Nova de Milfontes.
“O problema vai ser durante a semana [garantir taxa de ocupação] aí é que estamos a notar. Estamos a ter muitas promoções para convencer as pessoas a vir, mas as pessoas ainda não têm férias e isso também é mais complicado para vender”, disse.
Em relação aos restaurantes dos hotéis que dirige, Jan Wiggert Kuijvenhoven revelou que os negócios “ainda não estão iguais como estavam” anteriormente, porque, entre outros pontos, as pessoas que residem na margem sul do rio Mira “não podem” rumar até Vila Nova de Milfontes por causa da cerca sanitária.
Rui Correia é funcionário do Vila Nova Apartamentos e disse à Lusa que o fim de semana, em termos de negócio, “não está nada de especial”, com uma taxa de ocupação que “não chega aos 50%”, por causa de vários aspetos ligados à pandemia da covid-19 e “à publicidade” em torno da situação que se vive em Odemira.
“A cerca sanitária tem alguma influência, esperávamos mais gente nesta altura porque havia a expetativa de que, quando ocorresse o desconfinamento, haveria mais pessoal”, lamentou.
A praia de Vila Nova de Milfontes registava no sábado uma afluência significativa, embora longe das grandes enchentes registadas, principalmente no verão.
Numa esplanada de um café, “acompanhados” por uns caracóis e umas imperiais, João e Alice Travassos, de Setúbal, explicaram à Lusa que decidiram passar o fim de semana em Vila Nova de Milfontes para “descomprimir” após um “longo período” de confinamento.
“A cerca sanitária não afetou a nossa decisão, Vila Nova de Milfontes está livre e nós viemos, aliás, fizemos a marcação para o hotel na quinta-feira”, disse João Travassos.
Graças a decisões como a do casal Travassos, a empresária Catarina Pimenta, proprietária do restaurante “Sem Espinhas”, disse à Lusa que “o negócio está a correr bem” no decorrer do fim de semana.
No entanto, a empresária lamentou que a cerca sanitária esteja a afetar a logística do estabelecimento porque, por exemplo, um dos funcionários vive em Almograve e “não pode ir trabalhar” devido a essa condicionante.
“Nós [Catarina e o marido, também trabalhador do restaurante] também somos residentes na freguesia de Longueira-Almograve, felizmente conseguimos, por uma coincidência, abrir o nosso restaurante, devido a uma consulta com a nossa bebé, pois conseguimos ir para Odemira, contornar a cerca e vir por São Luís para conseguirmos abrir o nosso negócio, depois de quatro meses encerrados”, explicou.
Ainda no centro da vila, no restaurante Cosa Nostra, Filipa Amaro disse à Lusa que o negócio está a correr “acima da expectativa” no fim de semana, defendendo, no entanto, que “não faz qualquer sentido” manter a cerca sanitária nas freguesias de São Teotónio e Almograve.
“A cerca sanitária afetou o negócio, quem vem do Algarve tem de dar uma grande volta e já não passa aqui, é um transtorno”, lamentou, por sua vez, João Balsinha, proprietário de uma loja de artigos regionais no centro de Vila Nova de Milfontes.
O empresário, que indicou que o negócio tem sido “fraco” nos últimos dias, sublinhou que o mais importante, nos tempos que correm, passa por manter as portas abertas dos comércios.
“Não nos podemos queixar porque estamos de portas abertas, o estar de portas abertas já é um alívio”, disse.
Na quinta-feira, em Conselho de Ministros, o Governo decidiu que a cerca sanitária aplicada nas freguesias de São Teotónio e Longueira-Almograve vai manter-se, devido à incidência de casos de covid-19, mas com “condições específicas de acesso ao trabalho”.
As entradas e saídas para trabalhar ou apoiar idosos nestas duas freguesias de Odemira são permitidas, desde sábado, mas ficam dependentes de teste negativo à covid-19.
NR/HN/LUSA
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