Estudo do Conselho de Finanças Públicas defende reforma do sistema de saúde

1 de Junho 2021

O estudo que o Conselho de Finanças Públicas (CFP) acaba de publicar sobre a "Evolução do Desempenho do Serviço Nacional de Saúde em 2020" concluiu que a Covid-19 teve um enorme impacto na redução da atividade assistencial e reforçou a necessidade de se avançar para reformas.

O CFP alerta que “a menor atividade de consultas médicas presenciais refletiu-se negativamente no acompanhamento adequado dos utentes do SNS, com particular incidência na redução da capacidade de diagnóstico precoce, de resposta atempada na doença aguda e de seguimento regular de quem vive com doenças crónicas, acarretando riscos acrescidos para o estado de saúde da população e para a eficácia e eficiência da resposta global do SNS”.

Em termos financeiros, se é certo que em 2020 houve reforço de verbas para combater a pandemia, ainda assim manteve-se o padrão de subfinanciamento do SNS, sendo que “a prevalência destes défices orçamentais e de dívida estrutural indicia que o SNS necessitará de fundos adicionais para efeitos de satisfação das necessidades de saúde da população e coloca desafios de sustentabilidade financeira”, lê-se no comunicado de imprensa.

O CFP defende para o SNS “medidas que visem acautelar a sua solidez financeira futura, a qual deverá passar pela estabilidade e previsibilidade dos recursos financeiros a alocar e pela implementação de mecanismos de controlo da despesa que reforcem a racionalidade, o rigor e a autonomia responsável na gestão do SNS”, e apela a que “a recuperação (desta) atividade assistencial seja acompanhada da reorganização da gestão e dos modelos de prestação de cuidados, com o intuito de promover ganhos de eficiência, valorização do desempenho, partilha de riscos e benefícios, e o reforço dos mecanismos de acompanhamento e avaliação no SNS”.

O Conselho Estratégico Nacional da Saúde da CIP revê-se nesta análise e reitera a urgência de se tomarem medidas estruturais em prol da sustentabilidade do sistema de saúde e do aumento do acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde.

O CENS/CIP apresentou propostas para: criação de uma Lei de Meios do SNS, que permita orçamentação plurianual, previsibilidade e estabilidade financeira do SNS; lançamento de um programa extraordinário de recuperação da atividade assistencial; adequada dotação do SNS, que permita satisfazer as necessidades e cumprir os compromissos; aumento de autonomia responsável das entidades do SNS, com a separação clara de funções e a criação da figura de gestor do SNS; aproveitamento do PRR para a necessária transição digital do sistema de saúde português, em estreita articulação e complementaridade das diversas partes do sistema.

PR/HN/Rita Antunes

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

João Paulo Magalhães: É preciso investir na Prevenção, Organização e Valorização dos Médicos de Saúde Pública

João Paulo Magalhães, Vice-Presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, defende para o próximo Governo três prioridades essenciais para a Saúde Pública: reforço da promoção da saúde e prevenção da doença, modernização e clarificação da organização dos serviços de Saúde Pública, e valorização das condições de trabalho e carreira dos médicos de Saúde Pública

AICEP aprovou investimentos de 300 ME em quatro empresas

A Agência para o Comércio Externo de Portugal (AICEP) aprovou um pacote de investimento de mais de 300 milhões de euros, em quatro empresas, criando mais de 1.200 postos de trabalho, adiantou hoje o Governo.

Evoluir o SNS: Reflexão de Luís Filipe Pereira sobre o Futuro da Saúde em Portugal

Luís Filipe Pereira, ex-ministro da Saúde, analisa os desafios estruturais do SNS, destacando a ineficiência do Estado nas funções de prestador, financiador e empregador. Defende a transição para um Sistema de Saúde que integre prestadores públicos, privados e sociais, promovendo eficiência e liberdade de escolha para os utentes.

Doze medidas de Saúde para qualquer novo governo

O Professor António Correia de Campos, Catedrático Jubilado e antigo Ministro da Saúde, aponta doze medidas de Saúde para qualquer novo Governo. Nelas, defende que os programas políticos para as legislativas de 18 de maio devem priorizar a integração das várias redes do sistema de saúde, reforçando a articulação entre hospitais, cuidados primários, cuidados continuados e ERPI. Propõe ainda soluções transitórias para a falta de médicos e aposta na dedicação plena para profissionais do SNS

Eixos centrais para a transformação e sustentabilidade do SNS

Ana Escoval, Professora Catedrática Jubilada da ENSP (NOVA) e vogal da Direção da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar, analisa as propostas dos partidos para as legislativas de 18 de maio, destacando a necessidade de inovação, integração de cuidados, racionalização de recursos e reforço da cooperação público-privada como eixos centrais para a transformação e sustentabilidade do SNS

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights