Centro de hemodiálise apoiado por Portugal permitiu regresso de 50 doentes ao Mindelo

1 de Junho 2021

O novo centro de hemodiálise do Hospital Baptista de Sousa, cofinanciado por Portugal, permitiu o regresso para tratamento na ilha cabo-verdiana de São Vicente de mais de 50 pacientes em cinco meses, disse esta terça-feira fonte da instituição.

“Estamos num processo para receber mais 32 doentes. Os pacientes não estão só na Praia, há outros que se encontravam fora do país que querem regressar”, explicou à Lusa Vera Monteira, enfermeira superintendente do Hospital Baptista de Sousa, no Mindelo, ilha de São Vicente.

A responsável acrescentou que 51 pacientes já regressaram e estão a ser tratados, agora, naquele centro de hemodiálise, que serve as ilhas do Barlavento.

Inaugurado em 19 de janeiro deste ano, este centro resulta de uma parceria do Governo cabo-verdiano com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, para evitar a necessidade de evacuações médicas de doentes para o exterior do país, nomeadamente Portugal, ou para a Praia, para a realização de hemodiálise, e permitirá tratar 40% dos doentes cabo-verdianos.

Segundo o diretor clínico daquele hospital, Paulo Almeida, a nova unidade está a afirmar-se como uma mais-valia do serviço aos pacientes da região de Barlavento, simplificando parte do processo de tratamento.

“Tínhamos muitos doentes que eram da área de Barlavento e que praticamente tiveram de mudar as suas vidas para poderem fazer a hemodiálise na Praia ou fora do país. Neste sentido, foi muito bom para as famílias e para os doentes”, explicou o diretor clínico, em declarações à Lusa.

Para a chegada dos outros pacientes, a instituição está neste momento a qualificar os funcionários e, de acordo com a enfermeira Vera Monteira, a aproveitar neste processo a experiência dos profissionais na cidade da Praia, que já lidam com este tipo de tratamento há mais tempo.

“Veio um enfermeiro do Hospital Agostinho Neto [Praia] que está a apoiar-nos na formação dos enfermeiros de cá. Isso já estava estipulado para quando o centro estivesse a funcionar e tivemos ainda que recrutar outros nove enfermeiros porque aqui havia apenas quatro destes profissionais ligados ao serviço de hemodiálise”, contou a enfermeira, acrescentando que todos os 13 enfermeiros estão a receber a formação de quatro semanas.

O centro de hemodiálise daquele hospital representa um investimento de 210 milhões de escudos (1,9 milhões de euros), financiado pelo Governo cabo-verdiano e pelo instituto Camões (em 36%), tendo uma capacidade de tratamento de 19 postos normais e três especiais, com possibilidade de realizar a diálise, quando em pleno funcionamento e num único turno, a 35 doentes.

Aquando da sua inauguração, em janeiro, na presença do embaixador de Portugal em Cabo Verde, António Moniz, e do presidente do instituto Camões, João Ribeiro de Almeida, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, frisou a sua importância para “reduzir a assimetria regional dos serviços de saúde”.

O centro contará, em pleno funcionamento, com o apoio de três médicos especialistas e 15 enfermeiros e “irá acolher doentes oriundos principalmente das ilhas de Barlavento, cuja estimativa corresponde a 40% do número total de doentes de hemodiálise no país”, divulgou na altura o Governo.

Em 2017, Portugal e Cabo Verde tinham assinado um protocolo através do qual a cooperação portuguesa atribuiria 400 mil euros para a construção deste centro, mas Cabo Verde solicitou depois um reforço da verba, conforme acordos assinados pelos governos dos dois países em 2019.

Em Cabo Verde existe um centro de hemodiálise, a funcionar no Hospital Dr. Agostinho Neto, na cidade da Praia, também cofinanciado pela cooperação portuguesa. Este centro, que começou a funcionar em 2014, atingiu o ponto de rutura no acolhimento de doentes em 2018, tratando 140 pessoas que necessitam de fazer hemodiálise.

LUSA/HN

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