“Acabei de conversar com um tal de Queiroga — não sei se vocês sabem quem é —, o nosso ministro da Saúde. Ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que estejam vacinados ou que já foram contaminados. Para tirar esse símbolo, que obviamente tem a sua utilidade para quem está infetado”, declarou Bolsonaro num evento no Palácio do Planalto, em Brasília, tendo sido aplaudido pela plateia.
Bolsonaro não explicou quando a norma será publicada, nem deu mais detalhes sobre o assunto.
O uso de máscara como medida contra a Covid-19 já foi bastante criticado por Bolsonaro, que se opõe ainda ao isolamento social para controlar a disseminação do vírus.
No final de fevereiro, Bolsonaro causou polémica ao dizer que as máscaras de prevenção contra a Covid-19 causam “efeitos colaterais”, citando um estudo alemão, sem rigor científico e limitado a uma sondagem com ampla participação de negacionistas, para argumentar que as máscaras não são eficazes para conter a propagação do vírus.
Na ocasião, Bolsonaro, que é frequentemente visto em público e em aglomerações sem máscara, frisou que não daria mais detalhes sobre o estudo porque “tudo desagua em crítica em cima” do Presidente.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o “uso generalizado de máscaras” como parte de uma estratégia abrangente para suprimir a transmissão do novo coronavírus.
Já especialistas em saúde defendem que, mesmo após vacinados, os cidadãos necessitam de usar máscara e evitar aglomerações.
Logo após Bolsonaro anunciar que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, preparava um parecer, o próprio governante disse à imprensa que, para dispensar uso de máscara, é preciso vacinar a população.
“Queremos que [a desobrigação do uso da máscara] seja o mais rápido possível, mas para isso precisamos vacinar a população brasileira e avançar”, afirmou Queiroga.
Questionado se foi pressionado por Bolsonaro, Queiroga negou.
“O Presidente não me pressiona, não. Sou o ministro dele e trabalhamos em absoluta sintonia e assim funcionam as democracias do regime presidencialista. O Presidente sempre nos aconselha de maneira muito própria e eu levo a ele os subsídios para que tenhamos as melhores decisões em relação à saúde pública”, afirmou, em declarações à imprensa local.
Posteriormente, o ministro divulgou um vídeo na rede social Twitter, em que afirmou que vai atender ao pedido de Bolsonaro e fazer um estudo sobre a desobrigação do uso de máscaras.
De acordo com dados recolhidos por um consórcio da imprensa brasileira, até quinta-feira, 11,11% da população brasileira tinha recebido a dosagem completa da imunização contra a doença e 24,93% apenas a primeira dose.
Neste momento, o Brasil totaliza 482.019 vítimas mortais e 17,2 milhões de casos de infeção, sendo um dos países mais afetados pela pandemia em todo o mundo e com especialistas a preverem uma terceira vaga da pandemia nas próximas semanas.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 3.764.250 mortos no mundo, resultantes de mais de 174,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
LUSA/HN
0 Comments