Três gatos infetados com o vírus que provoca a Covid-19 transmitiram o vírus a outros três gatos, de acordo com um estudo realizado em laboratório e publicado no “The New England Journal of Medicine” por uma equipa de investigadores que trabalha em Tóquio (Japão) e Wisconsin (Estados Unidos).
Os investigadores enfatizam que não existe evidência de transmissão da infeção dos gatos para os seres humanos. Pelo contrário, assinalam que é mais provável que sejam os humanos a transmitir o vírus aos animais de estimação.
A equipa infetou três gatos com grandes doses de SARS-CoV-2, diretamente nos olhos, narinas, boca e traqueia. Os gatos infetados foram alojados, aos pares, com gatos não infetados, dividindo o mesmo espaço, comida, água e ar. Cinco dias depois, os gatos não infetados apresentaram resultado positivo para SARS-CoV-2 em zaragatoas nasais.
Após o primeiro teste positivo, todos os gatos continuaram com resultado positivo durante cerca de cinco dias, o que significa que provavelmente estavam infetados e capazes de transmitir o vírus aos outros durante esses cinco dias.
Os exames de sangue mostraram que os gatos produziram anticorpos durante 24 dias após a primeira infeção. Nenhum dos gatos mostrou sintomas. Todos os seis gatos mantiveram a temperatura corporal normal, bem como o mesmo peso e comportamento durante toda a experiência.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos informou, no início de abril, que leões e tigres do Jardim Zoológico do Bronx, em Nova Iorque, atendidos por um tratador que posteriormente testou positivo para Covid-19, também apresentavam sintomas de doenças respiratória. O único animal testado foi realmente positivo para SARS-CoV-2.
Os investigadores afirmam que a evidência mostra que os humanos podem transmitir o vírus aos gatos, e que estes podem transmitir o vírus para outros gatos. Daí a forte necessidade de entender mais detalhadamente o papel potencial dos animais de estimação na pandemia de Covid-19.
A equipa observa que é necessário adotar precauções simples de higiene, como lavar as mãos e evitar animais obviamente doentes, para proteger a saúde dos humanos e dos animais ao mesmo tempo.
O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar do Japão recomendou a adoção das seguintes precauções para prevenir a infeção ao interagir com os animais:
・ Evite o contacto excessivo com animais para evitar infeções transmitidas por animais;
・ Lave bem as mãos após o contacto com os animais e use um desinfetante à base de álcool;
・ Evite o máximo de contacto desnecessário, principalmente se o seu animal não estiver a sentir-se bem.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, recomendam a adoção de práticas de higiene essenciais para cuidar dos animais de estimação durante a pandemia da Covid-19, incluindo lavar as mãos antes e depois de tocar no animal ou na sua comida. resistir à vontade de o beijar ou deixar-se lamber.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal, se as pessoas infetadas com SARS-CoV-2 não tiverem mais ninguém para tratar dos seus animais de estimação, devem manter as boas práticas de higiene e usar uma máscara facial para evitar transmitir-lhes o vírus. Tanto quanto possível, os animais devem ser mantidos dentro de casa mas evitando-se os contactos desnecessários.
AO/HN
Ref. Bibliográfica: Peter J. Halfmann, Masato Hatta, Shiho Chiba, Tadashi Maemura, Shufang Fan, Makoto Takeda, Noriko Kinoshita, Shin-ichiro Hattori, Yuko Sakai-Tagawa, Kiyoko Iwatsuki-Horimoto, Masaki Imai, Yoshihiro Kawaoka. 13 May 2020. Transmission of SARS-CoV-2 in Domestic Cats. The New England Journal of Medicine (NEJM).
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