19/04/2023
Doze pessoas foram, entretanto, detidas, na sequência do incêndio, informou a polícia. Entre os detidos estão o diretor do hospital e funcionários da empresa encarregue das obras de reparação do estabelecimento.
A atualização do número de vítimas incluiu uma enfermeira, um médico assistente e o familiar de um paciente, disse Li Zongrong, vice-chefe do distrito de Fengtai.
O incêndio no hospital privado de Changfeng obrigou à retirada de dezenas de pessoas. Alguns dos pacientes e funcionários conseguiram escapar pelas janelas, ao improvisar uma corda feita com lençóis. A causa do incêndio está sob investigação.
Os bombeiros conseguiram apagar as chamas cerca de meia hora depois, embora a operação de resgate tenha durado aproximadamente duas horas.
Incêndios mortais são comuns na China, onde a fraca aplicação das regras de construção e a construção desenfreada não autorizada podem dificultar a fuga das pessoas de prédios em chamas.
Na segunda-feira, pelo menos 11 pessoas morreram, na sequência de um incêndio numa fábrica na cidade de Jinhua, na província de Zhejiang, no leste da China.
LUSA/HN
28/02/2023
“A China deveria ser mais sincera sobre o que aconteceu há três anos em Wuhan, com a origem da crise da covid”, declarou o diplomata norte-americano durante um evento virtual da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, noticiou a estação televisiva CNN.
O embaixador, que ocupa o cargo há pouco menos de um ano, acrescentou que tanto o balão chinês que Washington classificou como “espião” como a posição do Governo de Xi Jinping sobre a guerra russa na Ucrânia são os temas mais importantes para os Estados Unidos em relação ao país asiático.
Os comentários de Burns surgem um dia depois de o Departamento de Energia dos Estados Unidos se ter juntado a outras agências federais, como o FBI (polícia federal), para concluir que a Covid-19 “muito provavelmente” teve origem num laboratório chinês, segundo uma informação do diário The Wall Street Journal.
O jornal indicou que mais quatro departamentos norte-americanos continuam a considerar que, provavelmente, o surto do coronavírus SARS-CoV-2 foi resultado de uma transmissão natural, ao passo que outros dois se mostram indecisos.
A conclusão do Departamento de Energia é resultado da leitura de novos dados dos serviços secretos.
Esse departamento tem 17 laboratórios nacionais, alguns dos quais realizam investigações biológicas avançadas, de acordo com o diário nova-iorquino.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu no início do seu mandato, em maio de 2021, à comunidade dos serviços secretos que investigasse as origens da pandemia que fez, em três anos, milhões de mortos em todo o mundo.
LUSA/HN
25/01/2023
“Até para a propaganda do regime é desafiante construir uma narrativa coerente sobre o que está a acontecer”, descreveu Yanzhong Huang, que dirige a pesquisa em assuntos de saúde global no Conselho de Relações Externas, um centro de reflexão (‘think tank’) com sede em Nova Iorque.
Face ao descontentamento popular e colapso dos dados económicos, as autoridades chinesas optaram por um desmantelamento acelerado da estratégia ‘zero covid’, que vigorou no país ao longo de quase três anos e incluía o isolamento de todos os casos positivos e contactos próximos, bloqueio de cidades inteiras durante semanas ou meses, a realização constante de testes em massa e o encerramento das fronteiras.
A súbita retirada das restrições, sem estratégias de mitigação, resultou numa vaga de infeções que inundou o sistema hospitalar e os crematórios do país.
“Certamente que a situação atual está a causar um desafio de credibilidade para o governo, já que o que foi dito durante a era ‘zero covid’ é bem diferente da mensagem promovida durante a reabertura”, notou o especialista. “As narrativas são mesmo diametralmente opostas”, realçou.
Durante período em que vigorou a política de ‘zero casos’, as autoridades chinesas enfatizaram os perigos da Covid-19 como um vírus “mortal” e “incapacitante”. Até novembro passado, o epidemiologista encarregue da estratégia chinesa, Liang Wannian, continuou a frisar que a China “não podia vacilar” na contenção da doença. No mês seguinte, ele concluiu que, afinal, o “vírus deixou de ser perigoso”.
“O mantra era que, em primeiro lugar, estava a saúde das pessoas”, apesar dos custos económicos e sociais, lembrou Huang. “Agora, nem os tratamentos para a Covid-19 são subsidiados pelo Estado”, apontou.
Dados publicados por diferentes províncias da China mostram que várias regiões gastaram, nos últimos três anos, o equivalente a dezenas de milhares de milhões de euros no combate ao vírus. Os custos de pôr em prática as diretrizes de Pequim obrigaram ao desvio de fundos destinados a outros setores. Funcionários públicos, incluindo professores, ouvidos pela agência Lusa, relataram cortes salariais de até 50%.
Após Pequim abandonar as políticas de prevenção, pelo menos 14 cidades e províncias da China pararam de fornecer tratamento gratuito para o coronavírus, de acordo com anúncios dos respetivos governos locais, citados pelo jornal britânico Financial Times. Hospitais em Xangai e Cantão, duas das maiores cidades da China, estão agora a cobrar a pacientes com sintomas graves de Covid-19 até 20.000 yuans (2.700 euros) por dia para tratamento nos cuidados intensivos.
Yanzhong Huang considerou que na raiz da “incoerência” da resposta da China à pandemia está a ausência de um “processo de tomada de decisões democrático e com bases científicas”.
A importância daqueles elementos na governação do país foi frisada por Deng Xiaoping, que liderou as reformas económicas no país, nos anos 1980, após os desastres causados pelo totalitarismo de Mao Zedong (governou entre 1949 e 1976).
O atual Presidente chinês, Xi Jinping, reverteu várias das reformas políticas lançadas por Deng, que procuraram basear a tomada de decisão num processo de consulta coletiva, afastar o Partido Comunista de órgãos administrativos do Estado e descentralizar a autoridade pelas províncias e localidades. Em outubro passado, ele assumiu um terceiro mandato sem precedentes, reforçando o seu estatuto como um dos líderes mais fortes na História da República Popular.
A estratégia de ‘zero casos’ de Covid-19 foi assumida por Xi como um trunfo político e prova da superioridade do modelo de governação chinês, após o país conter com sucesso os surtos iniciais da doença.
“Não há dúvida de que o governo chinês tem uma forte capacidade de mobilizar a burocracia e os recursos para executar planos num curto espaço de tempo” destacou Huang. “Mas, quase quatro décadas após o início do processo de ‘reforma e abertura’, o sistema político chinês continua a ter uma organização de cima para baixo, não participativa e arbitrária, que culminou numa reabertura caótica e confusa”, afirmou.
LUSA/HN
09/01/2023
Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, no total, foram realizadas 34,7 milhões de viagens no último sábado, o primeiro dia de um período de 40 dias durante o qual os chineses costumam regressar às respetivas terras natais para celebrar o Ano Novo Lunar, a principal festa das famílias chinesas.
Este período, que é a maior migração anual do planeta, foi afetada, nos últimos dois anos, pelas medidas de prevenção contra a Covid-19 que vigoraram na China, ao abrigo da política de ‘zero casos’ de Covid-19.
Apesar do aumento do número de viagens, os dados são ainda assim 48,6% inferiores aos registados no primeiro dia da temporada de viagens de 2019, o último Ano Novo Lunar antes da pandemia.
Em dezembro, no âmbito do fim da política de ‘zero covid’, que vigorou no país durante quase três anos, o governo chinês retirou as restrições às viagens internas, que incluíam a exigência de testes PCR negativos para viajar de avião ou comboio e o registo das deslocações através de uma aplicação de localização.
Cada cidade ou província tinha também as suas próprias políticas: Pequim, por exemplo, não permitia a entrada de viajantes vindos de áreas onde tivessem sido registados casos de Covid-19 nos sete dias anteriores.
Em 2023, o Ano Novo Lunar calha entre os dias 21 e 27 de janeiro, e a temporada alta de viagens, conhecida em chinês como ‘chunyun’, ocorre entre os dias 7 de janeiro e 15 de fevereiro.
As autoridades de saúde chinesas pediram já às zonas rurais, para onde vão viajar muitos trabalhadores migrados nas cidades, que se preparem para a propagação da Covid-19. Algumas cidades do país já ultrapassaram o pico dos surtos do novo coronavírus, mas ainda não se alastraram às zonas rurais e pequenos centros urbanos.
O Conselho de Estado, o executivo chinês, exortou os governos locais em meados de dezembro a dar prioridade a estas áreas “para proteger a população”, apontando “a sua relativa escassez de recursos de saúde”.
O relaxamento das restrições antecedeu uma onda inédita de infeções no país asiático, que provocou cenas de grande pressão hospitalar em diversas cidades.
A rápida disseminação do vírus pelo país lançou dúvidas sobre os números oficiais, que relataram apenas algumas mortes recentes pela doença, apesar de localidades e províncias estimarem que uma proporção significativa das suas populações ficou infetada.
LUSA/HN
06/01/2023
O hospital Chuiyangliu, no leste da cidade, estava esta quinta-feira sobrelotado com doentes recém-chegados, e a meio da manhã já não havia camas livres, mas as ambulâncias continuavam a chegar com mais pessoas infetadas.
Enfermeiros e médicos sob pressão corriam de um lado para o outro para obter informação e fazer a triagem dos casos mais urgentes.
O acentuado aumento de pessoas procurando cuidados hospitalares seguiu-se ao levantamento pelas autoridades da China das suas mais severas restrições de combate à pandemia de Covid-19, no mês passado, após quase três anos de confinamentos, proibição de viagens e encerramento de escolas que tiveram graves consequências na economia do país e desencadearam protestos de rua incomuns num país que reprime ferozmente a dissidência política.
O surto pandémico causado por mais uma variante do coronavírus SARS-CoV-2 parece ter alastrado mais rapidamente primeiro nas cidades mais densamente povoadas.
Agora, as autoridades estão preocupadas porque o novo surto está a chegar a cidades mais pequenas e zonas rurais com unidades de saúde pública com menos recursos.
Vários governos locais começaram a apelar às pessoas para não viajarem para as suas terras natais por ocasião do feriado do Novo Ano Lunar, demonstrando crescente preocupação com a abertura decretada pelas autoridades centrais.
No estrangeiro, um número crescente de Governos está a exigir testes a viajantes procedentes da China, argumentando que estes são necessários porque o Governo chinês não está a partilhar informação suficiente sobre o surto.
Na quarta-feira, a União Europeia “encorajou fortemente” os seus Estados-membros a impor testes de Covid-19 antes do embarque dos passageiros, embora nem todos o tenham feito.
Itália – o primeiro país na Europa onde a pandemia causou um elevado número de vítimas e o caos no sistema de saúde, no início de 2020 – tornou-se o primeiro Estado-membro da UE a exigir testes aos passageiros procedentes da China, na semana passada, seguindo-se-lhe França e Espanha com as suas próprias medidas.
Mas as medidas no bloco comunitário foram adotadas depois de os Estados Unidos terem imposto a apresentação de um teste negativo a quem viajar da China realizado com menos de 48 horas de antecedência.
A China criticou tais exigências e advertiu de que retaliará adotando medidas contra os países que estão a impô-las.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus declarou-se na quarta-feira preocupado com a ausência de fornecimento de dados sobre o novo surto pandémico pelo Governo chinês.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, declarou ontem, numa conferência de imprensa, que Pequim tem regularmente “partilhado informação e dados com a comunidade internacional de uma forma aberta e transparente”.
“Neste momento, a situação da Covid-19 na China está sob controlo”, disse Mao, acrescentando: “Além disso, esperamos que a direção da OMS assuma uma posição imparcial, objetiva e assente na ciência, para desempenhar um papel positivo no combate global à pandemia”.
Apesar das preocupações das autoridades locais em relação à abertura decretada por Pequim numa altura em que milhões de pessoas se deslocarão para celebrar o Novo Ano Lunar, Hong Kong anunciou que reabrirá alguns dos seus postos de passagem fronteiriça para a China continental no domingo e permitirá que dezenas de milhares de pessoas os atravessem diariamente sem serem sujeitas a quarentena.
Os postos fronteiriços terrestres e marítimos de Hong Kong com o continente estiveram praticamente encerrados durante quase três anos e espera-se que a sua reabertura dê um impulso muito necessário aos setores do turismo e do comércio de Hong Kong.
LUSA/HN