Novo avanço em imunoterapia viral no combate ao cancro

9 de Junho 2024

Um trabalho investigação liderado pela Universidade de Barcelona, pelo Instituto de Investigação Biomédica de Bellvitge (IBIDELL) e pela Universidade de Munique (Alemanha) desenvolveu uma nova estirpe do vírus vaccínia, que é capaz de replicar-se em células tumorais e que, ao mesmo tempo, mantém uma imunogenicidade aumentada. Especificamente, tem a capacidade de induzir a chamada morte celular imunogénica nas células tumorais.

Imagem: A equipa liderada pelo especialista Juan J. Rojas, primeiro autor do estudo e investigador principal do grupo de Imunidade, Inflamação e Cancro da Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da UB e do IBIDELL. Da esquerda para a direita, Miquel Conesa, Maria Barcia, Juan José Rojas, Ana del Cañizo e Carmen Bueno.

Os vírus vaccínia (VACV) são ferramentas terapêuticas com diferentes aplicações biomédicas, de acordo com as características das suas estirpes. Por exemplo, a estirpe chamada MVA (vírus vaccínia Ankara modificado) é incapaz de replicar-se em células de mamífero, desencadeia uma resposta potente do sistema imunitário e é utilizada para desenvolver vacinas contra a COVID-19 ou a SIDA. Em contrapartida, outras estirpes como a da Reserva Ocidental (WR) ou a de Copenhaga (Cop), que se reproduzem de forma eficiente em células tumorais, são usadas para desenvolver tratamentos contra o cancro. Por este motivo, recebem o nome de vírus imunooncolíticos, e são a base da imunoterapia viral.

No entanto, estas estirpes víricas apresentam uma imunogenicidade reduzida, o que implica que sejam menos eficazes na ativação das respostas imunitárias dos pacientes contra os tumores.

Agora, um trabalho investigação liderado pela Universidade de Barcelona, pelo Instituto de Investigação Biomédica de Bellvitge (IBIDELL) e pela Universidade de Munique (Alemanha) desenvolveu uma nova estirpe do vírus vaccínia, que é capaz de replicar-se em células tumorais e que, ao mesmo tempo, mantém uma imunogenicidade aumentada. Especificamente, tem a capacidade de induzir a chamada morte celular imunogénica nas células tumorais.

O trabalho, publicado na revista Molecular Therapy, foi realizado com o apoio da Associação Espanhola contra o Cancro (AECC) e a colaboração da Agência Estatal de Investigação (AEI). A nova ferramenta terapêutica, que foi testada numa ampla variedade de modelos de rato, demonstrou ter uma toxicidade reduzida e uma grande capacidade e eficiência para ativar respostas imunitárias contra os tumores. Além disso, o vírus é eficaz em diferentes tratamentos oncológicos, como contra o melanoma, o cancro do cólon ou o renal.

“Além disso, conseguimos a desaparição total dos tumores de forma muito significativa quando administramos o vírus de forma reiterada”, detalha o especialista Juan J. Rojas, primeiro autor do estudo e investigador principal do grupo de Imunidade, Inflamação e Cancro da Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde da UB e do IBIDELL.

A descoberta desta nova estirpe vírica representa um avanço significativo na investigação da imunoterapia viral e evidencia o seu potencial terapêutico para tratar os pacientes com cancro.

Bibliografia: Rojas, Juan José; Van Hoecke, Lien; Conesa, Miquel; Bueno-Merino, Carmen; Del Canizo, Ana; Riederer, Stephanie; Barcia, Maria; Brosinski, Katrin; Lehmann, Michael; Volz, Asisa; Saelens, Xavier; Sutter, Gerd. «A new MVA ancestor-derived oncolytic vaccinia virus induces immunogenic tumor cell death and robust antitumor immune responses». Molecular Theraphy, mayo de 2024. DOI: 10.1016/j.ymthe.2024.05.014

NR/PR/Alphagalileo

 

 

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