Seropositivos angolanos temem escassez de antirretrovirais

21 de Abril 2020

Luanda, 21 abr 2020 (Lusa) - A Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida (ANASO) alertou hoje para o "grande pânico" entre as pessoas seropositivas em Angola, que receiam a escassez de antirretrovirais, usados no tratamento da covid-19.

Luanda, 21 abr 2020 (Lusa) – A Rede Angolana das Organizações de Serviços de Sida (ANASO) alertou hoje para o “grande pânico” entre as pessoas seropositivas em Angola, que receiam a escassez de antirretrovirais, usados no tratamento da covid-19.

De acordo com uma nota de imprensa da organização, a que agência Lusa teve hoje acesso, existe nesta altura, no país, um grande número de pessoas vivendo com VIH sem tratamento, devido ao isolamento social, imposto pelo Estado de emergência decretado para prevenção da Covid-19.

A ANASO refere que é importante que se criem mecanismos que permitam a reposição dos medicamentos a essas pessoas, bem como as que faziam o tratamento no exterior do país, agora impedidas devido ao encerramento temporário das fronteiras aéreas.

Nesse sentido, a ANASO, com apoio da ONUSIDA, está a implementar o Projeto Corrente da Vida, que visa garantir que essas pessoas tenham antirretrovirais (ARV) garantidos para os próximos três meses, bem como que haja testes de diagnóstico para grávidas e crianças expostas ao VIH.

Segundo a organização, “grande parte das pessoas estão em pânico devido a informações que circulam nas redes sociais, e não só, dando conta que vai faltar cada vez mais ARV, porque os mesmos estão a ser utilizados também no tratamento da Covid-19”.

“É importante que as pessoas com VIH não tenham medo de não ter medicamentos, porque a ANASO está a trabalhar com o INLS (Instituto Nacional de Luta contra a Sida), que é o depositário dos ARV, na busca de soluções para entrega dos mesmos a cada um, de acordo com a sua necessidade, e esta entrega será domiciliar para aquelas pessoas que se sintam confortáveis ou a partir de locais de referência para aquelas que ainda convivem com o estigma e a discriminação”, refere a nota.

A organização sublinha que “o desafio é grande” relativamente ao contexto atual, mas é preciso que se compreenda que, apesar de se estar a lutar contra a covid-19, não se deixou de lutar contra as grandes endemias, “que continuam a matar pessoas em Angola e no mundo inteiro”.

A ANASO apela a todas as pessoas com VIH para que forneçam dados básicos de informação sobre quem beneficia de ARV, a nível das províncias, municípios e localidades.

“As pessoas que estão em tratamento e as mulheres grávidas positivas devem contactar rapidamente as ONG [organizações não-governamentais] que lhes prestam apoio ou pontos focais da ANASO a nível da província, município e localidade, para fornecerem os dados necessários para coordenar a distribuição a todos os níveis”, salienta o documento.

Quanto estiver na posse dos dados atualizados, a organização espera, nos próximos 15 dias, fazer todas as entregas, para evitar acumulação de pessoas e exposição ao novo coronavírus, que já causou em Angola dois óbitos, em 24 casos positivos, havendo ainda seis recuperados.

“O mundo não é mais o mesmo, mas não nos podemos esquecer que em Angola existem mais de 350 mil pessoas infetadas com VIH, das quais mais de 90 mil estão a fazer tratamento antirretroviral e uma grande parte dessas precisa de apoio alimentar”, enfatiza a ANASO na nota.

O Projeto Corrente da Vida prevê também o apoio alimentar, através de cestas básicas a seropositivos, a maior parte dos quais têm baixos rendimentos e estão desempregados devido à sua condição.

Para fazer face à situação, “a ANASO está a desenvolver uma grande campanha de solidariedade a favor dessas pessoas, que não sabem se vão morrer de fome ou da covid-19”.

Lusa/HN

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