Crianças não sabem como obter informações on-line sobre saúde

7 de Maio 2020

As crianças que procuram informações on-line sobre saúde podem acabar por adotar hábitos alimentares errados. Um novo estudo publicado no Journal of Nutrition Education and Behavior, publicado pela Elsevier, mostra que a falta de conhecimento em saúde digital pode levar as crianças a interpretar os tamanhos das porções de forma errada, adotar recomendações destinadas a […]

As crianças que procuram informações on-line sobre saúde podem acabar por adotar hábitos alimentares errados. Um novo estudo publicado no Journal of Nutrition Education and Behavior, publicado pela Elsevier, mostra que a falta de conhecimento em saúde digital pode levar as crianças a interpretar os tamanhos das porções de forma errada, adotar recomendações destinadas a adultos ou seguir orientações de fontes não credíveis.

Os investigadores recrutaram 25 crianças dos 9 aos 11 anos de idade num acampamento de verão para jovens, com a autorização dos pais. Estes disseram que os filhos usam a Internet uma ou duas horas por semana, em casa e na escola.

“Realizámos este estudo para verificar se as crianças encontravam on-line as respostas corretas para as questões de saúde relacionadas com a obesidade, além de analisar como elas procuram essas informações”, explicou o principal autor do estudo, Paul Branscum, da Universidade de Miami, nos Estados Unidos.

O que o professor Branscum e o seu colega descobriram surpreendeu-os. Mesmo com a Internet, apenas três crianças conseguiram dizer corretamente quantos grupos de alimentos existem e nomeá-los, e nenhuma delas soube dizer a quantidade que deveria comer de cada grupo alimentar.

As perguntas foram feitas primeiro às crianças sem usar a internet, para ver o quanto já sabiam. Na pergunta: “Quanta atividade física ou exercício deve fazer por dia?” o número de respostas corretas diminuiu depois delas usaram a Internet. Oito crianças mudaram as suas respostas corretas para incorretas porque não reconheceram a diferença entre orientações para adultos e para crianças.

“O que também me surpreendeu, e que não esperava, foi a frequência com que as crianças foram diretamente à Google Images para encontrar as respostas para certas perguntas”, assinalou o professor Branscum. “Algumas fazem a pesquisa e nem olham para os resultados; clicam na Google Images e procuram a resposta nas imagens”.

Os investigadores entregaram aos pais um teste impresso conhecido como “Competências de Alfabetização em Saúde” com o objetivo de testar os seus próprios conhecimento nesta matéria, pois vários estudos demonstraram que o conhecimento nutricional dos pais tem impacto nas crianças. Todos os testes foram classificados como “básicos” ou “proficientes” numa escala de três pontos.

O professor Branscum assinala que esta pesquisa aponta para vulnerabilidades reais no nosso sistema de educação nutricional, e possíveis problemas futuros no sistema de saúde pública, pois a falta de conhecimento das crianças de hoje pode trazer problemas de saúde aos adultos de amanhã.

O professor Branscum pretende continuar o seu trabalho neste campo, desenvolvendo um programa para ensinar às crianças competências de alfabetização digital, de forma a reconhecerem as fontes credíveis e procurarem recomendações específicas para a sua idade.

Elsevier/AO

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