A Erasmus Student Network (ESN) Portugal realizou um inquérito sobre o impacto da pandemia de covid-19 nos estudantes em mobilidade, questionando os portugueses que foram estudar para fora e os estrangeiros que decidiram ter aulas para Portugal.
Metade dos estrangeiros inquiridos a estudar em Portugal decidiu permanecer no país assim como metade dos portugueses que estavam lá fora optaram por voltar para Portugal, revela o estudo da ESN, com base nas mais de quatro mil respostas obtidas.
Dos 1.650 alunos de instituições portuguesas a estudar lá fora, 51,3% decidiram regressar a Portugal, contra 28,5% que se mantiveram no país onde estavam a fazer Erasmus.
Cerca de 40% dos portugueses inquiridos admitiram ter sentido ansiedade e stress, assim como isolamento e exclusão social (cerca de 20%), segundo o inquérito a que a Lusa teve acesso.
Durante o período de pandemia, 78 alunos queixaram-se de não terem conseguido acesso a bens essenciais, como comida, e 51 referiram não conseguir aceder a serviços de saúde. Houve ainda 74 estudantes que viram os seus alojamentos encerrados.
Segundo relatos dos alunos que estavam lá fora, as universidades portuguesas disponibilizaram-se para os ajudar a regressar a casa (23,8%), dar apoio académico (38%) e até para dar ajuda psicológica (13,3%).
No entanto, na altura do inquérito, um em cada quatro alunos (25,5%) queixou-se de dificuldades de comunicação com a instituição e outros 20,7% disseram não ter recebido qualquer apoio.
Sete em cada dez alunos portugueses ainda não conseguiam responder sobre quais os impactos financeiros da pandemia.
A maioria disse que apesar da pandemia continuou no programa Erasmus (56,1%), contra quase 30% que viu a formação cancelada por decisão das instituições de ensino superior ou por opção própria (13,4%).
Durante a quarentena, os alunos portugueses no estrangeiro receberam apoio académico (63,5%), social (26,8%) e logístico (20,1%). Também houve quem tivesse tido apoio psicológico (11,5%), linguístico e medico.
Já entre os estrangeiros que estavam a estudar em Portugal, o inquérito revelou que um em cada três dos inquiridos regressou ao seu país (33,4%) mas houve quem, mesmo querendo, não conseguiu regressar (3,2%), segundo as respostas de 2.434 estudantes de 82 nacionalidades.
No inquérito, 634 estrangeiros revelaram não ter conseguido o transporte de regresso a casa, sendo a maioria dos inquiridos de nacionalidade espanhola, italiana, brasileira, polaca e alemã.
Durante a pandemia, cerca de 40% admitiram ter experimentado sentimentos de ansiedade e stress, assim como 20% apontaram o isolamento e exclusão social como um problema durante a quarentena.
Os casos de discriminação com base na raça e etnia também são referenciados por alguns alunos estrangeiros, apesar de ser o problema com menor expressão (menos de 5%).
O relatório hoje revelado mostra que 144 alunos tiveram dificuldades no acesso a bens necessários de primeira necessidade, como comida e produtos sanitários.
Pouco mais de uma centena denunciou a dificuldade em aceder a apoios médicos e houve 94 estudantes que revelaram que o sítio onde estavam a viver tinha sido encerrado ou cancelado.
A pandemia não prejudicou o processo de Emasmus dos estrangeiros a estudar em Portugal de 75% dos alunos que se mantiveram no programa. Houve 16% que optaram por cancelar: metade dos cancelamentos foi uma decisão do aluno e a outra metade foi por decisão da universidade de origem ou da de acolhimento.
Durante o período de quarentena, os estrangeiros receberam apoio académico (80,8%), mas também houve ajuda social (32,3%), linguística, logística, psicológico e médico.Portugal conta já com mais de 1.100 mortos associados à covid-19 em mais de 27 mil casos confirmados de infeção.
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
LUSA/HN
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