República Checa, a 07 de abril, Áustria, a 14, Dinamarca, a 15, e Noruega, a 20, foram os primeiros na Europa a levantar algumas das limitações impostas para controlar a epidemia da covid-19, nuns casos reabrindo o pequeno comércio e as creches, noutros voltando a permitir a saída à rua e as deslocações.
Na primeira semana de abril, quando anunciaram o princípio do processo de desconfinamento, estes países eram dos menos atingidos na Europa, longe de Itália ou Espanha, os mais afetados.
Mais de um mês depois, os números da Organização Mundial de Saúde (OMS) relativos a 54 países do continente europeu colocam estes quatro países entre o 18.º e 23.º lugares, numa lista que começa no Estado com mais casos (Federação Russa) para o que tem menos casos (Vaticano).
Nessa lista, Portugal está em 11.º lugar.
+++ Noruega assegura que reabertura das escolas não teve impacto +++
A Noruega, que decretou o ‘lockdown’ a 12 de março, iniciou o desconfinamento a 20 de abril, com a reabertura das creches e de estabelecimentos como oculistas, consultórios de dentistas e psicólogos, clínicas de fisioterapia e laboratórios, e com o levantamento da proibição de deslocações a casas de férias ou de fim de semana.
Seguiram-se, a 27 de abril, a reativação das escolas primárias incluindo universidades, e a reabertura de cabeleireiros e clínicas de massagens e tratamentos dermatológicos.
Outras etapas sucederam-se, a mais recente das quais, anunciada hoje, de reabertura das fronteiras para outros cidadãos europeus que tenham residência ou familiares no país e para trabalhadores sazonais.
“Não notámos, até agora, que a reabertura das escolas e creches tenha tido um efeito negativo na situação epidemiológica”, afirmou na segunda-feira um responsável do Instituto de Saúde Pública norueguês, Frode Forland, acrescentando que o mesmo é válido para a retoma de atividade de cabeleireiros e outros estabelecimentos.
“Se o alívio das medidas tivesse um efeito negativo, já o devíamos ter começado a ver, sob a forma de um aumento do número de infeções”, acrescentou.
A reabertura das escolas para as crianças mais pequenas foi contestada por muitos pais. Uma página no Facebook intitulada “O meu filho não deve ser uma cobaia para a covid-19” chegou aos 27.000 membros.
As escolas básicas, para alunos a partir dos 10 anos, e secundárias, reabrem esta semana.
A 7 de abril, quando foi anunciada a primeira fase de desconfinamento, a Noruega registava, segundo números oficiais, 5.863 casos e 69 mortes.
A 12 de maio, segundo números da OMS, o país tinha 8.106 casos e 224 mortes.
Nos 35 dias que separam as duas datas, foram notificadas pouco mais de 2.200 infeções (64 por dia em média) e 155 mortes (4 por dia em média).
A Noruega, que não integra a União Europeia (UE), tem uma população de 5,4 milhões.
+++ Áustria declara superada com êxito 1.ª fase do alivio de restrições +++
A Áustria, que foi o primeiro país da Europa a anunciar o levantamento de restrições, começou por autorizar a reabertura das pequenas lojas a partir de 14 de abril e decretou o fim do confinamento a 1 de maio, data a partir da qual puderam também reabrir os estabelecimentos comerciais maiores.
Os alunos começaram a regressar às escolas a 4 de maio, em três etapas definidas por idades, começando pelos alunos do secundário ou cursos técnico-profissionais com exames finais.
Quatro semanas depois das primeiras medidas de alívio, o ministro da Saúde austríaco, Rudolf Anschober, declarou superada com êxito a primeira fase do processo de desconfinamento.
“A primeira etapa foi muito bem gerida”, declarou o ministro a 5 de maio.
“A situação é muito estável, tomámos as decisões certas no momento certo”, assegurou, acrescentando que o impacto da segunda fase, iniciada na véspera, será avaliado em meados de maio: “Se lá chegarmos sem um forte aumento [de casos] e os números continuarem estáveis, então teremos dado um grande passo em frente”.
O país prepara-se para reduzir os controlos na fronteira com a Alemanha, fechada desde meados de março, já a partir de sexta-feira, reabrindo-a totalmente a 15 de junho, e está a negociar acordos bilaterais no mesmo sentido com os restantes países vizinhos.
A 6 de abril, quando anunciou as primeiras medidas de alívio, a Áustria registava 12.058 casos de infeção e 204 mortes.
A 12 de maio, segundo a OMS, o país registava 15.874 casos e 620 mortes.
Entre as duas datas, foram registadas 3.816 novas infeções (uma média de cerca de 100 por dia) e mais 416 mortes (11,5 por dia em média).
A Áustria tem 8,8 milhões de habitantes.
+++ Dinamarca diz ter a pandemia controlada e afasta 2.º surto +++
A Dinamarca foi o primeiro país europeu a reabrir as creches e escolas pré-primárias e primárias, a 15 de abril, a que se seguiram, a 10 de maio, os níveis de ensino seguintes.
Cabeleireiros, estúdios de tatuagem, escolas de condução, oculistas, dentistas, psicólogos, clínicas de fisioterapia e laboratórios de investigação foram autorizados a reabrir a 19 de abril e, a 27 de abril, os tribunais e serviços públicos relacionados com o apoio às famílias e a adoção.
“Conseguimos controlar o contágio de coronavírus graças a um esforço coletivo consistente”, afirmou hoje a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, apontando “motivos fundamentados para otimismo”.
E, com uma taxa de reprodução do vírus (R) de 0,7, o diretor do Instituto Nacional de Saúde da Dinamarca, Kare Molbak, afasta a possibilidade de uma segunda vaga de infeções: “Se o vírus estivesse descontrolado e não fizéssemos nada, era possível uma segunda vaga, mas aprendemos muito com a doença e temos capacidade para testar e para isolar os expostos ao contágio”.
Quando anunciou o princípio do plano de desconfinamento, a 6 de abril, a Dinamarca registava 4.875 casos e 187 mortes, segundo números oficiais.
Hoje, passados 36 dias, o país regista 10.789 casos e 527 mortes, também segundo números oficiais.
Entre as duas datas, registaram-se 5.914 novas infeções (em média 164 por dia) e 340 novas mortes (nove por dia em média).
A Dinamarca tem 5,7 milhões de habitantes.
+++ República Checa alivia uso obrigatório de máscara +++
A República Checa, que a 24 de abril se tornou o primeiro país europeu a voltar a autorizar todas as viagens ao estrangeiro, inclusivamente para férias, teve como primeira medida de alívio de restrições o levantamento da obrigatoriedade de uso de máscara para os praticantes de ciclismo, corrida ou outras atividades desportivas ao ar livre, a 7 de abril.
Também desde o final de abril, o país autorizou os cidadãos a voltar a sair à rua e a deslocar-se dentro do território nacional, mantendo embora a obrigação de uso de máscara, o distanciamento social e a proibição de reuniões de mais de 10 pessoas.
A partir de 25 de maio, anunciou na segunda-feira o ministro da Saúde checo, Adam Vojtech, o uso de máscara passa a ser obrigatório apenas dentro de edifícios, transportes públicos e outros espaços fechados.
Nos espaços ao ar livre, onde desde 19 de março era forçoso usar máscara, a proteção passa a só ter de ser usada se duas ou mais pessoas que não residam na mesma casa estiverem a uma distância entre elas inferior a dois metros.
“Podemos permitir-nos isso”, disse o ministro, apontando que o número diário de novas infeções está bem abaixo das 100 há dez dias consecutivos e o de mortes abaixo das 10 por dia desde 13 de abril, com apenas três de domingo para segunda-feira.
A 6 de abril, quando anunciou a primeira medida, a República Checa registava 4.735 casos de infeção, 78 dos quais mortais.
Trinta e cinco dias depois, o país registava na segunda-feira 8.176 casos e 282 mortes.
Nesse período, os casos de infeção aumentaram 3.441 (98,3 em média por dia) e as mortes 204 (5,8 em média por dia).
A República Checa tem uma população de 10,65 milhões.
Surgido em dezembro na China, o vírus SARS-CoV-2 infetou mais de 4,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios e fez 290 mil mortos.
LUSA/HN
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