Com uma componente de investigação bastante vincada, a FCT viu a sua atividade diminuir drasticamente com o confinamento imposto pelo estado de emergência a que a covid-19 obrigou. Ainda assim, percebendo as necessidades, muitos dos seus profissionais puseram momentaneamente de lado os projetos em que trabalhavam e tomaram em mãos os pedidos mais urgentes da sociedade civil.
“A nossa investigação sofreu uma reorientação porque, dada a situação de pandemia, a faculdade sentiu que era sua obrigação pública e social orientar a sua atividade para atender a necessidades que tinham diretamente a ver com a pandemia”, explica o reitor da UNL, João Sàágua, à Lusa, acrescentando que “houve investigadores de topo a fazer coisas banais, mas que eram essenciais”, como por exemplo, preparar zaragatoas ou líquido desinfetante.
Apesar dos números da pandemia parecerem estar a estabilizar, o reitor da UNL diz que este trabalho continua e que a investigação da FCT continua empenhada no combate à covid-19.
“Estamos a fazer testes com a Santa Casa da Misericórdia para os lares de Lisboa e para isso os investigadores tiveram de refazer a sua atividade e a sua agenda. Esta ajuda vai manter-se, mas a pouco e pouco os projetos que ficaram temporariamente suspensos vão começar a ser reativados, sobretudo aqueles que têm uma dimensão laboratorial”, explica.
Eurico Calisto, professor de Química, foi um dos primeiros a colocar-se ao serviço das necessidades. A poucos quilómetros da FCT, o Hospital Garcia de Orta cedo revelou que tinha falta de álcool gel para as necessidades que se impunham e a faculdade ofereceu-se para ajudar: dos laboratórios saíram dezenas de litros que ajudaram os profissionais do Serviço Nacional de Saúde e hoje, com os números da pandemia a descer, no laboratório 417 continua a preparar-se gel desinfetante, mas desta feita para consumo interno.
“A faculdade reabriu na semana passada e necessita de ter álcool gel para estudantes e funcionários quando o regresso for total. Por isso, como o álcool gel no mercado é extremamente caro e somos químicos, para nós não é difícil produzi-lo e é o que estamos a fazer”, revela o professor enquanto mistura o etanol, componente principal desta solução, com outros reagentes.
Quanto ao regresso às suas funções de origem, o professor não está ansioso, mas assume que tem saudades do “normal”.
“A vida vai continuar mas só que um pouco mais lentamente”, termina.
Portugal contabiliza 1.190 mortos associados à covid-19 em 28.583 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
LUSA/HN
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