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A Doença Profissional COVID-19: mais uma infeção transmitida a profissionais de saúde através de gotículas do trato respiratório
Os fatores de risco microbiológicos foram, nos últimos cinquenta a sessenta anos, fatores de risco de natureza profissional muito pouco valorizados em profissionais de saúde tendo, no entanto, a propósito do vírus de imunodeficiência adquirida identificado há cerca de 40 anos, despertado mais a nossa atenção, e de forma muito marcada e, mais recentemente, também o risco da tuberculose multirresistente. A gravidade das doenças e o seu desfecho são, portanto, fatores determinantes na percepção desses riscos profissionais numa perspectiva comum do conceito de risco.
De facto, a exposição a fatores de risco dessa natureza na prestação de cuidados de saúde e a manipulação de produtos biológicos constituem situações de risco assinaláveis. A principal via de transmissão (transmissão por via aérea) faz-se através de gotículas provenientes das secreções respiratórias que têm tendência a sedimentar rapidamente devido ao seu peso.
O coronavírus SARS-Cov2 transmite-se através de gotículas provenientes da árvore respiratória de um indivíduo infetado quando tosse, espirra ou fala, as quais se depositam nas mucosas de um indivíduo suscetível. São essas as principais razões (agora por vezes denominadas o racional) da necessidade imperiosa de evitar a proximidade entre pessoas (distanciamento físico também denominado distanciamento social), a permanência em ambientes fechados e pouco arejados, assim como a higiene das mãos deficiente que também é muito facilitadora do contágio.
Contrariamente à gripe (existem muitas diferenças …) a vacinação não está disponível na prevenção da doença. Quando (e se) existir, naturalmente que os profissionais de saúde serão um dos grupos prioritários para essa vacinação, com o duplo objetivo de se protegerem, mas também de minimizarem a transmissão do vírus aos seus doentes.
A parotidite infeciosa (ou papeira) também causada por um outro vírus, hoje muito pouco frequente devido à vacinação (VASPR – que contém antigénios específicos do vírus do Sarampo, da Papeira e da Rubéola) era muito frequente na altura, por exemplo, do baby boom após a segunda grande guerra. E poderíamos falar também do sarampo e de outras doenças infecciosas com vias de transmissão semelhantes.
A Lista Portuguesa de Doenças Profissionais não inclui no seu capítulo quinto (Doenças Infeciosas e Parasitárias), a COVID-19 por razões óbvias, mas o seu reconhecimento como doença profissional poderá ser feito dada a natureza mista do nosso sistema de reparação de danos emergentes de doença profissional.
São muitos os agentes microbiológicos que se transmitem por gotículas e incluem os vírus ou as bactérias que são responsáveis por quadros clínicos diversos, muito frequentemente envolvendo o aparelho respiratório.
Enquanto não dispusermos de vacina (ou de uma terapêutica eficaz) a tranquilização dos profissionais de saúde será uma tarefa árdua (mas indispensável) que passa, para além da mais robusta formação e informação, pelo recurso a medidas (organizacionais e outras) de gestão do risco e pelo recurso, complementarmente às medidas de protecção colectiva, aos equipamentos de proteção individual (adequados!) e à sua mais correcta utilização.
Os Serviços de Saúde Ocupacional, com profissionais competentes e com formação específica adequada e recursos igualmente adequados, são indispensáveis para que essas tarefas sejam cumpridas pelo que se torna inadiável um maior investimento na sua implementação e na sua valorização no seio das organizações (também hospitais e agrupamentos de centros de saúde). É essa a diferença entre o cumprimento de disposições normativas (custo) e a promoção e proteção da saúde de quem trabalha (investimento).
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