Confinamento salvou vidas e evitou colapso dos hospitais públicos

28 de Maio 2020

O confinamento salvou vidas e evitou o colapso das unidades de cuidados intensivos dos hospitais públicos, mas é preciso continuar a capacitar serviços para eventuais novas fases da covid-19, disse hoje o secretário de Estado da Saúde.

“Hoje foi conhecido um estudo que dá nota disso: o confinamento não só salvou vidas como evitou o colapso das unidades de cuidados intensivos dos hospitais”, afirmou António Lacerda Sales, durante a conferência de imprensa diária para atualização de informação sobre a pandemia em Portugal.

“No entanto, é preciso continuar este trabalho de capacitação dos serviços para eventuais novas fases da pandemia”, acrescentou, referindo que “chegou esta semana mais um avião com 60 ventiladores da China e estão já em Portugal cerca e 160 ventiladores da encomenda de 500 feita pela Administração Central do Sistema de Saúde”.

Segundo o estudo da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), o número de doentes graves com covid-19 internados nas unidades de cuidados intensivos do Serviço Nacional de Saúde (SNS) seria o triplo na primeira quinzena de abril sem o confinamento imposto pelo Governo em 19 de março.

“Sem o ‘lockdown’ [confinamento] decretado pelo Governo em meados de março de 2020, as unidades de cuidados intensivos dos hospitais do SNS teriam tido que atender, entre 01 e 15 de abril, uma avalanche de 748 doentes graves com covid-19, três vezes mais do que os 229 que precisaram desse tipo de cuidados”, lê-se na análise hoje divulgada pela ENSP da Universidade Nova de Lisboa.

Para os investigadores da ENSP, “nesse cenário, as 528 camas de cuidados intensivos de que o SNS dispunha na altura poderiam não ter sido suficientes para atender a todas as necessidades, como aconteceu em Itália e em Espanha”.

E realçam: “A ação antecipada deu tempo para o SNS adquirir equipamentos de proteção, aumentar a capacidade de testar e lidar com o aumento da procura hospitalar e de cuidados intensivos causada pela pandemia”.

Os especialistas referem que “Portugal atuou cedo ao decretar o ‘lockdown’ quando ainda só tinha registado 62 casos e nenhum óbito”, e que “os portugueses aderiram de forma efetiva às medidas de confinamento decretadas pelas autoridades, reduzindo a sua mobilidade em cerca de 80%”.

De acordo com o estudo, as medidas de confinamento contribuíram para que, nos primeiros quinze dias de abril, Portugal tivesse registado menos 5.568 casos (-25%) de covid-19, menos 146 mortes (-25%), e menos 519 (-69%) internamentos em unidades de cuidados intensivos do que seria de esperar se não tivesse sido decretado o confinamento.

Portugal contabiliza 1.369 mortos associados à covid-19 em 31.596 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado hoje.

Relativamente ao dia anterior, há mais 13 mortos (+1%) e mais 304 casos de infeção (+1%).

O número de pessoas hospitalizadas subiu de 510 para 512, das quais 65 se encontram em unidades de cuidados intensivos (menos uma).

O número de doentes recuperados é de 18.637.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Portugal tem101 médicos especializados em cuidados a idosos

Portugal conta com 101 médicos geriatras especializados em cuidados a idosos, segundo a Ordem dos Médicos, uma especialidade médica criada no país há dez anos mas cada vez com maior procura devido ao envelhecimento da população.

Mudanças de comportamento nos idosos podem indiciar patologias

Mudanças de comportamento em idosos, como isolar-se ou não querer comer, são sinais a que as famílias devem estar atentas porque podem indiciar patologias cujo desenvolvimento pode ser contrariado, alertam médicos geriatras.

MAIS LIDAS

Share This