Domingos Pires e João Neves encontraram-se pela primeira vez, aos 18 anos, na academia militar portuguesa. Nessa altura, estavam longe de imaginar que depois de várias missões internacionais, um vasto conjunto de experiências e uma passagem pela reserva, hoje, aos 51 anos, viriam a representar a “natureza”.
A ideia de criarem, em 2014, a ‘Naturthoughts’, surgiu do “gosto pelas atividades de montanha” que os tempos de exército deixaram.
“Acabamos por ganhar o gosto pelo natural, verde e autêntico, uma vez que estamos muito tempo na natureza, na serra, montanha e caminhadas”, contou, em declarações à Lusa, João Neves, natural de Chaves.
Longe estavam também de imaginar que, volvidos seis anos, a empresa, que nasceu de forma “espontânea e natural”, estivesse “tão consolidada”.
Com sete funcionários e dois colaboradores na zona de Lisboa e do Algarve, é na região de Trás-os-Montes e do Douro que assenta grande parte da atividade desenvolvida.
“Nós acreditamos verdadeiramente que estas regiões têm características excecionais para fazer um turismo de natureza perfeitamente profundo”, defendeu Domingos Pires, natural de Miranda do Douro.
Por percursos terrestres homologados de caráter inclusivo e sensorial, percursos de orientação, caminhadas de grupos, atividades de montanha e até de orientação e sobrevivência, João Neves e Domingos Pires passam com os visitantes pelos cartões postais da região.
De Santa Marta de Penaguião a São João da Pesqueira, passando por Vila Nova de Foz Côa, Mogadouro e chegando à fronteira, a Miranda do Douro, várias são as áreas protegidas e os património UNESCO.
Como é o caso das gravuras do Vale do Côa, património arqueológico que, desde 2019, é possível percorrer numa viagem de caiaque durante a manhã, guiada por arqueólogos.
Além das gravuras, que remontam ao paleolítico, o Vale do Côa é a porta de entrada para o ‘habitat’ de cegonhas negras, corços e da águia real.
Por entre as colinas e vales do Alto Douro Vinhateiro, percorridas por estradas nacionais como a n. º2 ou 222, é no Parque Natural do Douro Internacional que o património ambiental se cruza e é partilhado com a vizinha Espanha.
Pelas águas do Douro Internacional, trespassa-se a atual interdição imposta pela pandemia da covid-19 e rompem-se as fronteiras, onde tudo se desliga, à exceção do som da natureza.
Neste território, além do património natural e cultural, a gastronomia e o enoturismo confluem em diversas experiências e rotas.
Para que toda a descoberta da região se torne “mais profunda”, João Neves e Domingos Pires apropriam os seus programas aos visitantes.
“Os programas que temos são feitos à medida do cliente. Nós temos um conjunto de programas ‘base’, mas depois personalizamos e isso permite-nos demonstrar o território verdadeiramente”, explicou Domingos Pires.
Além de programas direcionados, os dois “homens da natureza” desenvolveram uma aplicação turística móvel, a FEEL, que permite “sentir os territórios de forma distinta”.
“Podemos considerar que esta aplicação poderá ser quase um guia virtual de descoberta dos territórios para que eles possam ser sentidos de uma forma mais profunda”, afirmaram.
A aplicação foi testada em Chaves e, aquando da chegada do surto da covid-19 a Portugal, a equipa preparava-se para a aplicar em mais três zonas. Tal ainda não foi possível, mas em “breve será”.
Com a chegada do novo coronavírus, João Neves e Domingos Pires viram as reservas, principalmente dos visitantes estrangeiros, serem canceladas até setembro.
Na agenda, apenas contam com o regresso destes viajantes em outubro, sendo que muitas das atividades que tinham programadas ficaram suspensas e adiadas para o próximo ano.
Até lá, preparam-se para aos “poucos e poucos” retomar algumas experiências e readaptarem-se para voltar a conquistar os visitantes através da descoberta dos vários cartões-postais do nosso país.
LUSA/HN
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