Turismo de saúde e bem-estar tem de aumentar oferta diferenciada, diz responsável

Turismo de saúde e bem-estar tem de aumentar oferta diferenciada, diz responsável

A ideia foi transmitida pela coordenadora da Direção de Valorização da Oferta no Turismo de Portugal, Leonor Picão, durante a conferência “Inovação e Desenvolvimento de Produtos em Turismo de Saúde e Bem-Estar”, realizada sexta-feira na Universidade da Beira Interior, na Covilhã, distrito de Castelo Branco.

Leonor Picão deu o exemplo de tratamentos inovadores associados a óleos essenciais, à parte farmacêutica, “a tratamentos já muito específicos, médicos, que é hoje uma novidade, por estarem muito relacionados a uma oferta turística de empreendimentos turísticos, de equipamentos virados para o turismo, que têm esta oferta médica”.

“Isso hoje é diferenciador e é uma realidade que não existia há alguns anos”, salientou a responsável do instituto público Turismo de Portugal.

Segundo Leonor Picão, houve, há alguns anos, empreendimentos a especializarem-se ou a terem este tipo de oferta médica, mas como apoio aos restantes serviços, um cenário em mudança.

“Hoje temos uma oferta já distintiva, em que a própria oferta turística presta este serviço. Isto é algo inovador e abre aqui um potencial enorme para ser explorado”, acentuou.

 Segundo Leonor Picão, a oferta turística com spa e programas de bem-estar tem estado a crescer, tal como a procura, e o número de empreendimentos turísticos com oferta na área da saúde tem registado um aumento anual de 20%.

A diretora coordenadora da Direção de Valorização da Oferta no Turismo de Portugal salientou que, depois da pandemia, aumentou a preocupação dos turistas com a saúde, de uma vida saudável, do bem-estar, e que isso veio “abrir janelas de oportunidade”.

Leonor Picão frisou que o setor continua a ter maior procura por clientes mais velhos ou famílias, mas realçou que se tem tornado mais apelativo para outras faixas etárias e por um “espetro mais alargado de perfis de clientes”.

A responsável deu o exemplo que lhe foi relatado da procura para festas de 30, de 40 anos, para grupos de amigos, pessoas que “começaram a tratar mais de si e procuram também este tipo de oferta”.

“Isto é algo novo. Se calhar, não estávamos tão despertos para esta realidade”, enfatizou.

Para Leonor Picão é importante “melhorar o que existe e diversificar e inovar dentro da temática”, “não só requalificar o que existe, mas também ter uma oferta inovadora, muito valorizada e destinada a segmentos mais altos e específicos”, numa lógica complementar.

Por este ser um “nicho a crescer”, é necessário “ter uma oferta cada vez mais qualificada em termos de saúde e bem-estar”.

A coordenadora daquela Direção do Turismo de Portugal vincou o potencial de crescimento, o aumento da esperança média de vida, a maior procura de cuidados de saúde, de manutenção e reabilitação, uma maior “autoconsciência para atitudes e comportamentos de prevenção da saúde e de reequilíbrio do estar físico e mental”, pelo que a procura de programas nessa área vai continuar a aumentar.

Leonor Picão considerou ser também uma forma de “combater a sazonalidade” nos meses de inverno, tendo este tipo de oferta complementar, por exemplo, ao termalismo clássico, que continua a ter clientes fiéis.

Um dos objetivos passa por trabalhar para aumentar o número de dias de estadia de quem procura os serviços de bem-estar, concluiu.

LUSA/HN

Governo com quatro remodelações e 12 exonerações em 10 meses de funções

Governo com quatro remodelações e 12 exonerações em 10 meses de funções

Na terça-feira, em Oeiras, em declarações aos jornalistas, António Costa pronunciou-se sobre esta sucessão de mudanças no seu executivo, em primeiro lugar para afastar qualquer cenário de demissão do seu Governo ou de crise política, mas, também, para reconhecer problemas na sua equipa.

“Há incidentes de percurso, há problemas que têm de ser ultrapassados e há factos inesperados. Fazer política é isso também. São situações que ninguém deseja. Lamento profundamente um sinal de menor foco do Governo nas suas atividades, mas creio que é uma fase que está ultrapassada”, sustentou.

O XXIII Governo Constitucional foi empossado pelo Presidente da República em 30 de março de 2022, dois (longos) meses após o triunfo eleitoral do PS com maioria absoluta por causa da repetição das eleições no círculo eleitoral da Europa.

Em 02 de maio, este executivo registou a primeira mudança, com a saída por motivos de saúde de Sara Guerreiro do cargo de secretária de Estado da Igualdade e Migrações, sendo substituída por Isabel Rodrigues.

Uma remodelação mais ampla – a segunda – ocorreu em 16 de setembro, após a demissão de Marta Temido do cargo de ministra da Saúde em 30 de agosto, após repetidas situações graves de encerramento de serviços de urgência hospitalar que estavam a ocorrer desde meados de junho.

 Com Marta Temido saíram também do Governo os seus dois secretários de Estado, António Lacerda Sales e Fátima Fonseca. O eurodeputado socialista Manuel Pizarro foi empossado ministro da Saúde, com dois novos secretários de Estado: Ricardo Mestre e Margarida Tavares.

António Costa aproveitou esta ocasião para introduzir uma mudança na orgânica do seu executivo, chamando o ex-presidente da Câmara de Caminha Miguel Alves e então líder da Federação de Viana do Castelo do PS para as funções de secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro.

Em 03 de dezembro, aconteceu a terceira remodelação na sequência da demissão de Miguel Alves como secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro em 29 de novembro, depois de várias semanas de polémica em torno dos processos judiciais de que é alvo pelas suas anteriores atividades enquanto autarca de Caminha.

Miguel Alves, foi substituído no seu lugar por António Mendonça Mendes, que, por sua vez, saiu das funções de secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Com a saída de António Mendonça Mendes para uma posição de coordenação política junto do líder do executivo, o ministro das Finanças, Fernando Medina, colocou Nuno Félix nos Assuntos Fiscais, e Alexandra Reis no Tesouro, onde estava João Nuno Mendes.

João Nuno Mendes manteve-se no executivo e passou a desempenhar o cargo de secretário de Estado das Finanças.

Uma vez mais, tal como tinha acontecido em setembro, António Costa aproveitou a ocasião para exonerar dois secretários de Estado do Ministério da Economia, João Neves e Rita Marques, que tinham desautorizado publicamente o seu ministro, António Costa Silva, após este ter sugerido uma redução transversal do IRC. Pedro Cilínio, como secretário de Estado da Economia, e Nuno Fazendo, no Turismo, substituíram respetivamente João Neves e Rita Marques.

Já este ano, em 04 de janeiro, registou-se a quarta remodelação, que surgiu depois de se saber que Alexandra Reis tinha recebido uma indemnização da TAP, no valor de meio milhão de euros, para abandonar o lugar que deteve até fevereiro do ano passado na administração dessa empresa.

A saída Alexandra Reis, no meio de uma grande polémica, arrastou as demissões do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, e do seu secretário de Estado, Hugo Mendes. João Galamba, até aí secretário de Estado do Ambiente e da Energia, passou a ministro das Infraestruturas, e Marina Gonçalves, que era secretária de Estado da Habitação com Pedro Nuno Santos, subiu a ministra dessa pasta.

Em consequência destas alterações, o ministro Duarte Cordeiro passou a ter dois novos secretários de Estado: Ana Fontoura (Energia e Clima) e Hugo Pires (Ambiente). Nas Finanças, Pedro Sousa Rodrigues foi nomeado secretário de Estado do Tesouro, substituindo Alexandra Reis. E Francisco Frederico ocupou o lugar de Hugo Mendes como secretário de Estado das Infraestruturas.

Ainda neste conjunto de mudanças ocorridas em 04 de janeiro passado, Rui Martinho, alegadamente por razões de saúde, foi exonerado de secretário de Estado da Agricultura, tendo sido nomeada a até então diretora regional da Agricultura e Pescas do Norte, Carla Alves.

Logo no dia seguinte, no passado dia 05, saíram notícias sobre o facto de a nova secretária de Estado ter contas arrestadas por causa de um processo judicial que envolve o seu marido, Américo Pereira, ex-presidente da Câmara de Vinhais, com quem tem regime de comunhão de adquiridos.

Ao final da tarde, depois de declarações críticas do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Carla Alves pediu a demissão do cargo para o qual tinha sido empossada 26 horas antes.

Carla Alves foi exonerada pelo Presidente da República no passado dia 09, sem que por enquanto tenha sido substituída.

LUSA/HN

Pelo menos 13.000 pessoas morreram na China na última semana

Pelo menos 13.000 pessoas morreram na China na última semana

Os dados dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) do país indicam que 681 doentes morreram no hospital devido a insuficiência respiratória causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que provoca a covid-19, enquanto 11.977 morreram devido ao agravamento de patologias prévias devido à covid-19.

Desde 19 de janeiro, 472.000 doentes foram hospitalizados com covid-19 na China, dos quais cerca de 51.700 em estado grave, segundo o balanço dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças divulgado pela agência oficial China News Service.

O balanço é divulgado depois do Ministério da Cultura e Turismo da China ter anunciado no sábado que as viagens de grupo para fins turísticos serão retomadas em 06 de fevereiro para 20 países.

As viagens de grupo de cidadãos chineses, organizadas por agências de viagens e operadores turísticos em linha, serão novamente autorizadas como parte da política da China de aliviar as suas restrições contra a pandemia de covid-19.

NR/HN/LUSA

Retoma das ligações marítimas Hong Kong–Macau ameaça golfinhos

Retoma das ligações marítimas Hong Kong–Macau ameaça golfinhos

As viagens de barco rápido entre a península de Macau e Sheung Wan, no centro de Hong Kong, foram retomadas na quinta-feira, após quase três anos de interrupção devido à pandemia de covid-19.

São más notícias para os golfinhos, lamentou a diretora adjunta da Sociedade para a Proteção dos Golfinhos de Hong Kong (HKDCS, na sigla em inglês), após recolher equipamento colocado no mar para detetar sons dos mamíferos junto a Tuen Mun, no noroeste da região chinesa.

Viena Mak Hei-man sublinhou que a rota da carreira marítima “corta a meio” aquele que é “um importante habitat” dos golfinhos brancos, entre a ponta sudoeste da ilha de Lantau e as ilhotas Soko, no sul de Hong Kong.

A investigadora disse que a interrupção das ligações marítimas entre Macau e Hong Kong, a partir de fevereiro de 2020, permitiu aos animais voltarem “de forma muito mais frequente” às Soko, “um local muito bom para os golfinhos socializarem e alimentarem as crias”.

O ano de 2020 registou um aumento “muito significativo” da atividade dos golfinhos brancos, incluindo de grupos maiores, algo que deixou Viena Mak Hei-man, que investiga estes mamíferos há quase dez anos, “muito esperançosa”.

Mas o número de golfinhos avistados durante as viagens regulares da HKDCS caiu de 52 em 2019 para 37 no primeiro ano da pandemia, antes de subir para 40 em 2022. Ainda assim muito longe do máximo histórico de 188 registado em 2003.

“Os grandes mamíferos marinhos precisam de mais tempo para reagir” ao impacto da atividade humana, incluindo a construção de grandes infraestruturas e projetos de recuperação de terrenos ao mar, disse.

A investigadora lamentou que as autoridades de Hong Kong tenham rejeitado uma proposta, já feita em 2017, para desviar para sul a rota dos barcos, algo que “custaria à operadora talvez mais 10 minutos de viagem e um pouco mais de combustível” até Macau.

As ligações marítimas entre Macau e Hong Kong são feitas pela Turbojet, que faz parte do império fundado pelo magnata Stanley Ho Hung-sun, falecido em 2020, e que abrange a operação de 13 casinos em Macau e do Casino de Lisboa e Casino do Estoril, em Portugal.

O Departamento Marinho de Hong Kong respondeu que levar a rota para mais longe da costa, para águas mais turbulentas, “poderia tornar a experiência de viagem mais desconfortável para os passageiros”, recordou a investigadora.

O otimismo da portuguesa levou um novo rombo com o quase desaparecimento dos golfinhos chineses das águas a norte da ilha de Lantau, devido à construção da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, que arrancou em 2009.

“Se nada for feito de forma urgente, vai ser muito difícil manter a população atual” de golfinhos brancos, avisou Viena Mak Hei-man.

“O Governo continua a propor mais projetos de aterros e mais pontes (…). Este tipo de construção não é sustentável”, lamentou a investigadora.

NR/HN/LUSA

Turismo e privatizações financiam fundo para acabar com pobreza extrema em Cabo Verde

Turismo e privatizações financiam fundo para acabar com pobreza extrema em Cabo Verde

O diploma, de 12 de janeiro, consultado hoje pela Lusa, recorda que 13% da população em Cabo Verde vive em situação de pobreza extrema, situação agravada desde 2020 pela crise económica provocada pela pandemia de covid-19, pela grave seca que afeta o arquipélago e pela crise inflacionista provocada pela guerra na Ucrânia.

O fundo social MAIS, anunciado em dezembro de 2021 pelo Governo cabo-verdiano, aprovado em Conselho de Ministros um ano depois e que agora será operacionalizado, visa a “eliminação da pobreza extrema” através do reforço das “políticas sociais de proteção dos grupos vulneráveis”.

A atividade do fundo será financiada, conforme prevê o decreto-lei consultado pela Lusa, com 55 escudos (50 cêntimos de euro) da taxa paga pelos turistas por cada noite de estadia em Cabo Verde, através de transferência a partir do Fundo do Turismo.

Prevê também a transferência de uma “percentagem das receitas de privatizações e concessões a ser regulamentada em diploma próprio”, bem como “comparticipações, dotações, transferências, subsídios ou doações”, via Orçamento do Estado ou por “quaisquer outras entidades públicas ou privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais”.

O Governo cabo-verdiano prevê privatizar ou concessionar a atividade de empresas públicas nos setores dos transportes aéreos e marítimos, produção e distribuição de água, importação e distribuição de medicamentos, entre outros.

Serão beneficiados pelo fundo MAIS “pessoas em situação de extrema pobreza, abrangendo, predominantemente os grupos-alvo”, como “agregados familiares pobres em comunidades sem cobertura adequada de serviços sociais básicos”, famílias que “indiciam a deterioração das suas condições de vida devido a choques, designadamente, seca, crise alimentar, pandemias e desastres naturais” ou as lideradas por mulheres, “preferencialmente as que residem no meio rural, e que tenham crianças menores de 15 anos”.

Também imigrantes, agregados familiares “que tenham sob seus cuidados crianças de zero a cinco anos, pessoas idosas ou pessoas com deficiência, em situação de dependência”, bem como “pessoas com deficiência” que vivem em situação de isolamento, doentes crónicos, vítimas de violência doméstica e de violência baseada no género, ex-toxicodependentes, ex-reclusos e retornados forçados e voluntários, além de pessoas “em situação de rua”.

O decreto-lei que institui o fundo MAIS estabelece uma comissão de acompanhamento integrando responsáveis pelas políticas sociais do Governo, dos municípios, das organizações não-governamentais, das Igrejas e câmaras de comércio.

O Governo cabo-verdiano anunciou em 06 de janeiro último a aprovação da Estratégia Nacional para a Erradicação da Pobreza Extrema até 2026, situação em que se encontram quase 12.200 famílias no arquipélago.

“É uma estratégia transversal que impõe uma responsabilidade também para os vários setores e é uma estratégia que pretende, acima de tudo, reforçar o sistema de proteção social focalizando no aumento da cobertura dos programas sociais e da transferência de rendimento”, explicou, em conferência de imprensa, na Praia, a ministra da Presidência do Conselho de Ministros, Janine Lélis.

A Estratégia Nacional para a Erradicação da Pobreza Extrema até 2026 foi aprovada no dia anterior em reunião do Conselho de Ministros e “define as ações estratégicas necessárias”, como a “expansão do rendimento social de inclusão” e apoios diretos às famílias com crianças.

“Vai-se também utilizar o mecanismo da promoção da inclusão produtiva através das medidas de formação e apoio à criação do próprio negócio para os adultos e ainda expandir a cobertura da pensão social”, enumerou.

“Cerca de 13,1% da população cabo-verdiana vive na condição de extrema pobreza, considerando que são pessoas que têm menos do que o que corresponderia a 135 escudos [1,20 euros] por dia para a satisfação das suas necessidades básicas”, explicou a ministra.

Acrescentou que os dados atuais “apontam para a existência de 12.184 agregados familiares a viver em extrema pobreza”.

Segundo Janine Lélis, os estudos apontam que a “transferência de rendimento tem sido eficaz para tirar as pessoas da extrema pobreza”, pelo que será “uma aposta” a manter pelo Governo.

“Sendo certo que é preciso trabalhar para erradicar a pobreza extrema. Mas é preciso também incentivar e cultivar medidas de autossuficiência para quando as pessoas estiverem na condição de realmente poder aproveitar as oportunidades de desenvolvimento económico”, destacou.

LUSA/HN