Foi essa a garantia do presidente de Secção Regional do Centro, Carlos Cortes, após uma visita ao Hospital Francisco Zagalo e à sua enfermaria de campanha na Arena Dolce Vita de Ovar, concelho do distrito de Aveiro que entre 17 de março e 17 de abril esteve em estado de calamidade pública devido ao vírus SARS-CoV-2 e sujeito a cerco sanitário com controlo de fronteiras e suspensão da maior parte da sua atividade económica.
Reconhecendo que parte da população deixou de procurar esses e outros hospitais do país durante a pandemia devido ao “estigma” associado à covid-19, Carlos Cortes afirmou: “No presente, o Hospital de Ovar é completamente seguro e, como tivemos utentes que estiveram dois meses sem ir às consultas, sem ser operados e sem fazer o diagnóstico das doenças de que são portadores, o que as pessoas têm que fazer agora é voltar aos centros de saúde e aos hospitais”.
Nesse sentido, o mesmo responsável insiste: “As pessoas não podem ter receio de voltar ao Hospital de Ovar”.
Médica no Hospital Francisco Zagalo e vereadora na câmara municipal em regime de não-permanência, Júlia Oliveira atribui essa segurança às medidas profiláticas implementadas na unidade-sede e também na estrutura de campanha e realça que, desde a ativação do plano de contingência anti-covid na primeira dessas estruturas, “nenhum profissional de saúde ficou doente” – nem na casa-mãe, nem na enfermaria criada na arena que habitualmente acolhe os jogos da Ovarense Basquetebol.
Quanto ao total de utentes internados com o SARS-CoV-2, no hospital-sede estiveram 51 e na unidade de campanha 25, sendo que esse espaço temporário nunca acolheu mais do que “13 em simultâneo”.
O presidente do conselho diretivo do Hospital Francisco Zagalo, Luís Miguel Ferreira, referiu que, para atendimento desses e outros doentes, houve que contratar a título excecional “cerca de 50 profissionais” de diversas categorias, por via própria ou através do programa de contratação especial aberto pelo Governo – num reforço complementado por seis enfermeiros cedidos pelo Agrupamento de Centros de Saúde do Baixo Vouga e 22 assistentes operacionais recrutados pela autarquia.
Considerando que o hospital de campanha será desmantelado esta sexta-feira, mas a previsão inicial era que se mantivesse operacional até fim de junho, os enfermeiros recrutados a prazo pelo Francisco Zagalo manter-se-ão em funções na unidade-sede até final dos respetivos contratos de quatro meses e os 15 médicos que reforçaram a equipa durante a pandemia cessarão funções mais rapidamente, uma vez que “optaram por contratos de prestação de serviços”.
Os custos de toda essa operação ainda estão a ser apurados, até porque, como notou Luís Miguel Ferreira, há contratos que, devido à desmontagem da enfermaria provisória antes da data inicialmente prevista, estão agora a ser renegociados com fornecedores de serviços como lavandaria e recolha de resíduos.
Já no que se refere à parte suportada pela Câmara Municipal de Ovar, o que envolve os custos operacionais do hospital de campanha e algum do seu equipamento clínico, o presidente da autarquia, Salvador Malheiro, diz que também lhe “falta aferir o valor das despesas correntes” com recursos como gás, eletricidade, etc., mas estima que os gastos sejam “na ordem dos 100.000 euros”.
Entre o equipamento adquirido por ambas as entidades incluem-se camas articuladas, camas normais, monitores eletrocardiográficos e outros recursos que agora ficarão à guarda dos respetivos proprietários. O material adquirido pelo Hospital Francisco Zagalo será assim reafecto à casa-mãe, enquanto aquele que foi comprado pela autarquia ficará durante algum tempo “em reserva, na retaguarda”, para voltar a ser utilizado em caso de “necessidade de reativação rápida do hospital de campanha” – no contexto de uma segunda ou até terceira vaga da doença.
Uma vez superados todos os riscos de saúde pública associados à pandemia, Salvador Malheiro propõe-se então distribuir esse equipamento “em princípio por unidades de saúde” do concelho, mediante uma avaliação de necessidades a realizar posteriormente.
O novo coronavírus responsável pela presente pandemia de covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 6,1 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais mais de 372.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, mais de 2,5 milhões foram já dados como recuperados.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados se registaram a 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde (DGS) indicava 1.424 óbitos entre 32.700 infeções confirmadas. Desses doentes, 471 estão internados em hospitais, 19.552 já recuperaram e os restantes convalescem em casa ou noutras instituições.
Concretamente no município de Ovar, o último boletim da autarquia registava um total acumulado de 40 óbitos e 716 infetados com o SARS-CoV-2 entre os seus 55.400 habitantes. Os recuperados eram 652 e com sintomas ativos estavam “cerca de 20 pessoas”.
Hoje de manhã, a DGS ainda atribuía ao mesmo território de 148 quilómetros quadrados apenas 662 casos de covid-19.
LUSA/HN
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