Investigadores descobrem gene fundamental da leucemia

8 de Junho 2020

O novo método, com a utilização da CRISPR, significa que os investigadores podem controlar efetivamente qual é o gene que é desativado, possibilitando estudar a sua função e, assim, compreender melhor como surgem as doenças.

A leucemia mieloide aguda (LMA) é uma das formas mais comuns de cancro do sangue em adultos. Está associada a uma baixa taxa de sobrevivência e conduz à inibição da formação normal de sangue. Uma equipa de investigação da Universidade de Lund, na Suécia, identificou um dos genes fundamentais para a sobrevivência e multiplicação das células-tronco da leucemia. O estudo foi publicado na revista“Cell Reports”.

A LMA é o resultado de alterações genéticas adquiridas nas células-tronco formadoras de sangue e, entre outras coisas, afeta os genes que controlam a maturação e o crescimento das células. Embora a doença ocorra em todas as idades, é mais comum entre os idosos.

“São as células-tronco da leucemia na medula óssea que fazem avançar a doença e é por isso que queremos investigar quais os genes que controlam estas células-tronco. Utilizando a CRISPR, uma ferramenta de edição do genoma, conseguimos estudar cerca de 100 genes ao mesmo tempo, com um modelo animal. É a primeira vez que realizamos um estudo em tão larga escala ”, afirmou Marcus Järås, líder da equipa de investigação da Universidade de Lund.

O novo método, com a utilização da CRISPR, significa que os investigadores podem controlar efetivamente qual é o gene que é desativado, possibilitando estudar a sua função e, assim, compreender melhor como surgem as doenças. Os investigadores de Lund descobriram que o gene CXCR4 é essencial para a sobrevivência das células-tronco da leucemia. Quando o “desligam”, as células-tronco da leucemia não conseguem sobreviver, pois são totalmente dependentes da proteína produzida pelo gene.

“Quando desligamos o CXCR4 cria-se um stresse oxidativo e as células-tronco da leucemia amadureceram em células com uma vida útil limitada. O stresse oxidativo surge devido aos resíduos que se formam quando o oxigénio é transformado em energia. Este um processo bem regulado na célula, mas quando há um aumento de resíduos, isso resulta em toxicidade, o que conduz à morte da célula ”, explica Ramprasad Ramakrishnan, primeiro autor do estudo.

Na formação normal de sangue, a interação entre as proteínas CXCL12 e CXCR4 é importante para as células-tronco do sangue. Em contrapartida, os investigadores descobriram que o CXCL12 não é necessário para as células-tronco da leucemia, o que revela uma diferença fundamental na forma como são reguladas as células-tronco da leucemia e as células-tronco normais do sangue.

“Foi surpreendente que o CXCL12 não seja significativo para as células-tronco da leucemia. Isto é algo que, a longo prazo, pode ser utilizado na conceção de novos medicamentos para a LMA ”, conclui Ramprasad Ramakrishnan.

Aceda ao artigo original Aqui

NR/HN/Adelaide Oliveira

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