Ordem dos Médicos associa-se a cordão humano em defesa do Hospital dos Covões em Coimbra

8 de Junho 2020

A Ordem dos Médicos associou-se hoje ao movimento que promove, na terça-feira, um cordão humano em defesa do Hospital dos Covões, em Coimbra, em protesto contra o alegado encerramento ou "esvaziamento" do serviço de urgência.

“Depois de nos últimos meses o Hospital dos Covões, em Coimbra, ter sido uma referência no combate à pandemia, a dedicação e a qualidade dos médicos e restantes profissionais parece estar já a ser esquecida pela tutela”, lamenta a Ordem, em comunicado divulgado hoje.

A Ordem lembra que o Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) avançou que pretende fechar esta urgência hospitalar, o que provocou diversos protestos, nomeadamente de um grupo independente de cidadãos, que marcou um cordão humano para terça-feira, nos Covões.

“A Administração Regional de Saúde do Centro, em vez de afastar totalmente a ideia, promovendo uma visão integrada de melhoria dos serviços da região, indicou que a urgência não vai fechar, mas transformar-se antes numa urgência básica, que também não serve o melhor interesse dos doentes”, lamenta a entidade que regula a prática médica em Portugal.

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, refere que pandemia veio demonstrar “a importância e necessidade imperiosa” de serviços de saúde públicos de qualidade, reforçando essa perceção entre os cidadãos.

“Infelizmente, parece que essa mesma perceção está, uma vez mais, a passar ao lado tanto do conselho de administração do CHUC como da ARS do Centro”, lamenta o bastonário da Ordem dos Médicos.

Miguel Guimarães avança que “a Ordem dos Médicos não podia deixar de estar solidária e de se associar ao movimento que vai promover na terça-feira um cordão humano em defesa dos Covões”.

O bastonário assegura que “o combate à covid-19 ainda não acabou, mais do que nunca o Serviço Nacional de Saúde vai enfrentar um período de retoma muito difícil, com milhares de doentes a verem os seus problemas de saúde por diagnosticar ou a agravar perante os exames, consultas e cirurgias desmarcados”.

Neste contexto, acrescenta, “é “impensável que o Hospital dos Covões perca diferenciação, vendo a sua urgência transformada numa urgência básica, com menos valências e menos especialidades e com uma resposta que fica muito aquém das necessidades”.

O presidente do CHUC (Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra), Fernando regateiro, realçou, no dia 24 de maio, a importância dos Covões para acolher “funções assistenciais relevantes” e negou o seu alegado esvaziamento.

“Não há qualquer intenção” de deixar de utilizar o Hospital dos Covões para nele “localizar funções assistenciais relevantes, à luz da resposta global que o CHUC tem o dever de organizar para a procura atualmente registada e que preveja para o futuro”, assegurou então Fernando Regateiro, reagindo a um comunicado do PS de Coimbra, que apelava ao Governo a uma tomada de posição pública sobre o futuro dos Covões e a evitar o “desmantelamento silencioso” deste hospital.

No domingo, a ministra da Saúde afirmou não ter conhecimento oficial da intenção do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) vir a encerrar a Urgência do Hospital dos Covões e disse que qualquer decisão tem de ser técnica.

“Não tivemos ainda nenhuma abordagem formal quanto a esse tema, nem pela Administração Regional de Saúde do Centro, nem pelo conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra”, respondeu Marta Temido, na conferência de imprensa diária sobre a situação epidemiológica da covid-19 em Portugal.

Questionada sobre a reestruturação do Serviço de Urgência para o nível básico a partir de julho, e a possibilidade de mais tarde vir a encerrar, Marta Temido disse ter tido conhecimento do assunto “pela leitura das notícias” e prometeu que qualquer decisão tem de ser técnica.

LUSA/HN

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