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Racismo é um problema de saúde pública
O racismo acentua as desigualdades no estado saúde entre populações historicamente carenciadas e marginalizadas. Encontra-se incluído nos determinantes sociais da saúde, os principais preditores do estado de saúde dos indivíduos, o estatuto de indivíduo racializado, que reforça a influência dos restantes determinantes.
A escolaridade, situação face ao trabalho, tipo de emprego, rendimento e local de residência tudo conflui para uma inexorável influência no estado de saúde. Devido à intensa interligação entre todas estas dimensões, a fronteira por vezes torna-se demasiado ténue para perceber qual a precisa extensão da influência de cada uma.
Em Portugal, relativamente a migrantes africanos e afrodescendentes, existe evidência de uma maior mortalidade tanto na população adulta como na idade perinatal. Com menor acesso aos cuidados de saúde preventivos, obtém um maior número de internamentos e de maior duração na idade pediátrica, o que evidência um pior estado de saúde.
Os impactos de crescer num ambiente, onde a criança é julgada pela cor da sua pele, em que são criadas expectativas sobre o seu futuro baseadas na sua ascendência, refletem-se consequentemente na sua saúde mental. Desde diminuição da auto-estima, depressão ou a adoção de comportamentos aditivos.
O racismo é uma relação de poder, que entrega maiores oportunidades a alguns indivíduos em detrimento de outros, tendo por base uma perceção social da aparência física. Na região de Lisboa, num estudo efetuado aos pais de crianças internadas, conclui-se que 98,5% dos pais ciganos tinha no máximo 9 anos de escolaridade, sendo de 54,16% o valor para a comunidade africana e afrodescendente e 39,9% para pais caucasianos.
O acesso aos restantes determinantes sociais não é efetuado de maneira equitativa, o que condiciona a forma como as pessoas estudam e trabalham, assim como o nível de literacia em saúde que desenvolvem. Este facto não é um pormenor. Uma menor literacia em saúde está a associada a maior carga de doença, dificuldade em cumprir regimes terapêuticos – assim como utilizar equipamentos de proteção individual – ou a uma maior utilização dos serviços de saúde, que são naturalmente, locais de risco acrescido.
O racismo prejudica a saúde dos portugueses, ao impedir que alguns indivíduos consigam atingir o seu grau máximo de saúde individual. Desta forma, o racismo torna-se uma questão de saúde pública. É necessária uma abordagem metodológica que produza uma resposta sistémica para este problema. O combate ao racismo também contribui para atingir uma maior equidade em saúde.
Objetivo e pertinente ???
Excelente artigo Mário, falas te pouco mas bem?
Para refletir! Ponto de vista interessante