“Para além da pouca eficácia dos testes para efeitos de viagens, os custos relacionados com o planeamento, a organização e a efetivação das viagens impostos aos passageiros seriam fortemente inibidores da mobilidade e da circulação entre as ilhas e nas relações com o exterior”, refere uma resolução do Conselho de Ministros, publicada hoje, sobre o plano de desconfinamento do arquipélago.
O Governo sustenta a decisão com o posicionamento de diferentes organismos internacionais ligados à aviação civil, que “não recomendam a realização de testes à covid-19 como medida prévia à realização de viagem”, face à “imprevisibilidade” e ao “rácio’ de ‘falsos positivos/negativos dos mesmos”.
Desde 19 de março que Cabo Verde está fechado às ligações aéreas internacionais, enquanto os voos domésticos foram suspensos 10 dias depois, medidas definidas pelo Governo para travar a progressão do novo coronavírus.
O plano de desconfinamento iniciado este mês em Cabo Verde prevê a retoma das ligações aéreas, em todas as ilhas, em 30 de junho, mas a resolução publicada hoje estabelece apenas que os voos internacionais a realizar serão “autorizados em função da evolução da situação epidemiológica internacional”, sem especificar quais.
Desta resolução também não consta qualquer medida de quarentena obrigatória a quem chega do exterior, contrariamente ao que acontece atualmente, com os voos de repatriamento, os únicos autorizados.
Os aeroportos e operadores aéreos passam, com esta resolução, a estar obrigados a ter planos de contingência aprovados, a lotação dos terminais terá de ser reduzida e o acesso limitado apenas aos passageiros.
O rastreio sanitário aos passageiros será feito à entrada do terminal aeroportuário e, no interior, o distanciamento social, sinalizado, é de 1,5 metros, além de ser obrigatório o uso de máscaras por utentes, funcionários, prestadores de serviço e tripulantes “nos terminais aeroportuários e das aeronaves”, nas ligações entre ilhas.
O Governo cabo-verdiano ainda não revelou a lista dos países cujos voos de origem serão autorizados por Cabo Verde. Contudo, em entrevista na quarta-feira à Rádio Morabeza, o primeiro-ministro admitiu que os voos com origem em Portugal serão dos primeiros a retomar.
“Estamos a analisar, isto depende também do outro lado, dos países, mas posso dizer que Portugal poderá ser dos primeiros. Não é só a questão dos turistas, há todo um fluxo (…) É preciso não esquecer que Lisboa funciona como um ‘hub’ para Cabo Verde”, disse Ulisses Correia e Silva.
Cabo Verde regista um acumulado de 823 casos de covid-19 desde 19 de março, que provocaram sete mortos, mas 377 já foram considerados recuperados.
A pandemia de covid-19 já provocou quase 449 mil mortos e infetou mais de 8,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
LUSA/HN
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