Os investigadores do grupo “Química Analítica” da Universidade de Jaén (Espanha), em colaboração com investigadores da Universidade Abdelmalek Essaadi, de Marrocos, desenvolveram um método analítico para determinar a presença de desreguladores endócrinos em alimentos à base de cereais. Este trabalho decorre de uma das linhas de investigação desenvolvidas pelo grupo, relacionada com o desenvolvimento de metodologias analíticas para a determinação de contaminantes nos alimentos.
Evaristo Ballesteros, Professor de Química Física e principal responsável da investigação, salienta que “os desreguladores endócrinos, objeto deste estudo, são substâncias tóxicas que podem ser frequentemente encontradas nos alimentos, provenientes de diversas fontes, tais como a contaminação ambiental, resíduos de pesticidas em culturas cerealíferas e outros produtos alimentares”.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define os desreguladores endócrinos como substâncias ou misturas de substâncias que alteram as funções do sistema endócrino e, consequentemente, causam efeitos adversos para a saúde num organismo saudável.
“Alguns dos impactos mais significativos no ser humano são o seu efeito nocivo no sistema reprodutivo, a produção de alterações no desenvolvimento do sistema neurológico, o aparecimento de tumores em órgãos dependentes de hormonas, a produção de doenças metabólicas ou o aumento do risco de doenças cardiovasculares”, explica o investigador.
Neste contexto, o grupo de investigação centrou-se no desenvolvimento de um método sensível, seletivo e rigoroso, que permitiu a identificação simultânea de um total de 24 desreguladores endócrinos de seis famílias de grupos químicos (alquilfenóis, fenilfenóis, parabenos, bisfenol A, pesticidas organofosforados e triclosan) em alimentos fabricados a partir de cereais.
O método desenvolvido divide-se em duas fases: preparação da amostra e determinação dos desreguladores endócrinos. Ao longo da investigação, o método foi aplicado a diferentes tipos de alimentos feitos com cereais, tais como farinha de trigo, arroz, esparguete, tortellini de queijo, macarrão, flocos de milho, muesli de fruta crocante, biscoitos e vários tipos de pão. “Foram detetados níveis destes compostos químicos, muito inferiores aos limites máximos permitidos pela legislação”, avança o investigador.
Os resultados obtidos, recentemente publicados na revista científica “Analytical and Bioanalytical Chemistry”, mostram que o método analítico proposto pelo grupo de investigação é o mais sensível para determinar a presença de compostos químicos nocivos em alimentos feitos a partir de cereais.
Além disso, caracteriza-se pela sua elevada precisão e por ser amigo do ambiente, uma vez que a utilização de solventes orgânicos é significativamente reduzida.
O método, já validado, pode ser utilizado na indústria de produção de alimentos a partir de cereais para controlar eficazmente a presença de desreguladores endócrinos e garantir que, quando consumidos, estão isentos de compostos químicos nocivos para a saúde humana.
Mais informação em:
https://diariodigital.ujaen.es/investigacion/investigadores-de-la-uja-desarrollan-un-metodo-analitico-para-determinar-la-presencia
NR/HN/Adelaide Oliviera
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