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Distância social que poder-se-ia designar distanciamento físico

07/06/2020

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Distância social que poder-se-ia designar distanciamento físico

06/07/2020 | Opinião

A confrontação com uma pandemia que afeta, direta e indiretamente, todos os quadrantes da população, provocou uma inédita atenção mediática sobre as autoridades governamentais e de saúde. Por diversas vezes, o país parou diante do pequeno ecrã, ora receoso da força dos números da tragédia sanitária, ora expectante quanto às medidas de mitigação da mesma.

Governantes, responsáveis de saúde, epidemiologistas e virologistas sucedem-se diariamente na imprensa nacional, descrevendo perigos, apontando receios, sugerindo soluções e admitindo dúvidas. É esta incerteza que alimenta os receios e a instabilidade da sociedade, habituada à segurança das regras, a um Mundo onde a Ciência superava a Natureza.

A fluidez e simplicidade dos termos médicos assume, neste espetro, um papel primordial, principalmente na divulgação de mensagens que envolvam riscos e prevenção. Esta comunicação influencia a perceção dos cidadãos neste que é o aquário global dos dias que correm, sobre a gravidade da pandemia atual e acerca dos comportamentos que permitem reduzir o risco de contrair a doença.

Perante um inimigo comum, sobre o qual se conhece ainda tão pouco, a comunicação deverá ser criteriosa e incisiva. Num período de forte pressão psicológica, os termos utilizados adquirem construções e dimensões ímpares, capazes de impactar o quotidiano individual.

Escolheu-se, de forma oficiosa, a expressão “distanciamento social” para designar a principal medida de mitigação do risco de contágio. Seria este o termo ideal? Acredito que não. Num período de confinamento, de vincado isolamento, a condição humana necessita de estímulos à socialização, que esbatam a saudade, esse termo que tão singelamente define o povo português. “Distanciamento físico” seria um termo mais ajustado, igualmente eficaz enquanto medida de prevenção e bastante menos restritivo na consciência individual, abrindo espaço para o contacto social através das tecnologias digitais. Este é apenas um dos exemplos que demonstram a importância da semiótica na abordagem comunicacional a um fenómeno que desafia o “status quo” do espetro mediático.

Simultaneamente, a transparência, praticada e demonstrada, adquire uma relevância particular. Partilhar, de forma cadente, as estratégias e ações que estão a ser implementadas, nas instituições de saúde, para lidar com a nova realidade, através de um relato objetivo e preciso, centrado nas reais preocupações e anseios populacionais, é impreterível. É tempo de adaptações à nova realidade, assente na coragem e esperança conferidas pela segurança dos estímulos transmitidos.

A nova era da saúde precisa de trazer de volta para si uma nação carente da segurança e da confiança perante os perigos do quotidiano. Essa era inicia-se agora.

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