“A imprensa resistiu relativamente bem à crise na Alemanha”, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) Monique Hofmann, especialista em meios de comunicação social do sindicato dos serviços Verdi. “Pensamos que a necessidade de informação continuará muito elevada e que a indústria deverá emergir mais forte da crise”, acrescentou.
O balanço elaborado pelo setor no auge da crise, entre março e maio deste ano, também deu “razões para ter esperança” à federação da imprensa escrita e digital da Alemanha (BDZV, na sigla em alemão).
Um quarto dos seus membros registou vendas estáveis, tendo metade conseguido limitar o declínio a entre 1 e 5%, enquanto um décimo sofreu perdas pesadas.
Apesar do declínio nos últimos anos, a Alemanha conta atualmente com 327 jornais diários, com vendas diárias de cerca de 14 milhões de exemplares, de acordo com dados da BDZV referentes a 2019. Além disso, há 17 semanários e seis edições de domingo.
A crise deixou no entanto algumas marcas, com as receitas da publicidade a cair a pique, em alguns casos até 80%, e o despedimento de cerca de um terço dos trabalhadores, segundo a federação.
Por outro lado, as assinaturas digitais registaram um forte crescimento, segundo a mesma fonte.
O maior diário de Munique, o Süddeutsche Zeitung, registou 150 mil novos clientes online só em março, uma meta que o jornal de esquerda-liberal tinha previsto atingir apenas no final de 2020.
Um inquérito realizado no final de maio pelo instituto ZMG indicou que mais de 90% das quatro mil pessoas inquiridas consideravam as notícias dos jornais diários “particularmente fiáveis”.
Apesar de o número de leitores de jornais em versão digital ter aumentado, os profissionais não acreditam que o fim do papel esteja para breve.
“Ainda há demasiados leitores que querem ter os seus jornais nas mãos”, disse à AFP o presidente da Federação de Jornalistas Alemães, Frank Überall, “e eles são a maioria na Alemanha, especialmente os mais velhos”.
Apenas 22% das pessoas com mais de 50 anos pensam que poderiam habituar-se a ler as notícias na internet, sublinhou a federação.
A grande dificuldade dos editores, que continuam a depender das assinaturas em papel, são os elevados custos de distribuição.
“Estamos a chegar a um ponto em que já não poderemos entregar jornais em algumas regiões devido aos custos de distribuição”, disse fonte da federação da imprensa à AFP, estimando que 40% dos municípios serão afetados dentro de cinco anos.
A fim de manter os assinantes, a solução deverá passar por ofertas híbridas, com jornais eletrónicos durante a semana e uma edição em papel durante o fim de semana, apontou a federação.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 712 mil mortos e infetou mais de 19 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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