“O Covid-19 afetou os serviços odontológicos de uma forma sem precedentes”, disse em conferência de imprensa, chefe de Medicina Dentária do Departamento de Doenças Não Transmissíveis da OMS, Benoit Varenne, em uma entrevista coletiva
Entre os motivos da interrupção desse atendimento está o facto de os serviços terem sido avaliados como de alto risco, uma vez que em muitas intervenções ou tratamentos o paciente expele saliva.
A inicial falta de preparação dos serviços e a falta de equipamentos de proteção foram também causas para a redução de muitas intervenções em clínicas dentárias, tendo as pessoas adiado a suas visitas ao dentista durante o confinamento.
Benoit Varenne destacou ainda que alguns profissionais do setor foram deslocados para atendimento médico de emergência, além do facto de em muitos países “o atendimento odontológico ainda ser visto como um serviço não essencial”, razão pela qual algumas clínicas foram obrigadas a fechar durante os períodos de confinamento.
Os serviços odontológicos estão a reabrir aos poucos, mas o novo normal “exige uma adaptação que vai exigir tempo e investimento” e isso vai depender em grande medida do apoio que o governo lhes der, sublinhou Varenne.
O especialista lembrou que os problemas dentários são a enfermidade mais comum no mundo (afetam aproximadamente metade da população mundial, 3,5 bilhões de pessoas) e causam não só dores, mas também stress psicológico, às vezes isolamento social, e nos casos mais graves, como certos cancros orais, podem ser fatais.
Afetam sobretudo a população mais pobre e ainda existe uma grande desigualdade no acesso aos serviços de saúde entre os países de maior e menor rendimento, lembrou Varenne.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 733 mil mortos e infetou mais de 20 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.759 pessoas das 52.825 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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